O repórter Chico de Góis, de O Globo, fez seu trabalho. Foi ao Palácio do Planalto para repercutir a saída do ministro Alfredo Nascimento e - mais importante, agora - a indicação do novo responsável pelo Ministério dos Transportes. O ideal seria questionar diretamente a presidente Dilma Roussef, mas ela, assim como as girafas, não fala. Passa ao longe, dá um aceno simbólico para as câmeras, e segue em frente, fazendo de conta que está tudo bem, que nascimentos, mercadantes, idelis e paloccis fazem parte de um mundo distante, aquele mundo do "todo mundo fez", do "todo mundo rouba"; do "todo mundo tem caixa 2". Do mundo da política, em especial do PT , em síntese.
Na falta da chefe, falou a ministra Ideli Salvati, responsável pelas Relações Institucionais do Governo - e que relações !!! -, cheia de dedos, com jeito, evidentemente preocupada em não aumentar feridas ou cutucar a turma aliada desse incrível - venho repetindo esse adjetivo diariamente - Partido Republicano, o velho ex-PL, abrigo de personagens de destaque nas páginas do processo contra os responsáveis pelo Mensalão, o maior escândalo da história recente do país.
Leiam a frase que se segue. É um exemplo clássico de desprezo pela inteligência das pessoas, do dito pelo não dito: "Não há, da parte da presidente, nenhuma situação que coloque o ministro sem condição de dar opinião, inclusive porque ele é presidente do PR". Notaram o "inclusive"? Não satisfeita em nada dizer, em tergiversar, a ex-ministra da Pesca teria destacado que a decisão, contudo, será da presidente, embora os cofres das rodovias e ferrovias pertençam ao PR, um dos fiadores do atual projeto de poder. No fundo, toda essa conversalhada quer dizer o seguinte: a presidente vai nomear quem o PR indicar. E o PR vai continuar sendo um dos - digamos - 'esteios' da companheirada. E ponto final.
Segundo O Globo, a ministra disse que ainda não há um nome para substituir o pai do jovem talento da arquitetura amazonense que ficou milionário em cinco anos. E que o Palácio do Planalto está solidário ao hoje senador Alfredo Nascimento (PE-AM) e "ao trabalho que ele desenvolveu no Ministério". O Globo não perguntou, mas eu tomo a liberdade: qual 'trabalho', ministra?
Dona Ideli e seu governo são fenomenais, sou o obrigado a reconhecer.
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