domingo, 24 de julho de 2011

Um país exposto à corrupção

     A capa da revista Época não poderia ser mais incisiva e direta: denuncia a existência da Agência Nacional da Propina, numa referência explícita à Agência Nacional de Petróleo. O Globo, em manchete, mostra que o Departamento Nacional de Infraestrura Terrestre (DNIT) funciona praticamente sem controle, graças a uma entrincada rede que dificulta ao máximo a verificação dos gastos.
     Ainda no Globo, um dos colunistas cita, como se fosse algo absolutamente corriqueiro, os boatos sobre uma espécie de caderno - um dossiê - com os registros de quem levou dinheiro, quanto e quando. Esse caderno seria a grande arma do ainda diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot (ele está oficialmente de férias), e estaria deixando a República em polvorosa.
     O descrédito no Governo chegou a tal ponto que leva a apenas duas opções: a manutenção de Pagot no cargo, algo absolutamente improvável, confirmaria a existência do tal dossiê; seu afastamento indicaria que o silêncio foi bem pago. Não há terceira via nesse processo. As evidências e informações que vazaram recentemente são, por si só, irreversíveis.
     O avanço dos partidos da base governamental em todo os setores da vida pública, nos últimos oito anos e meio, em especial, gerou um monstro incontrolável, voraz, que corrompeu todo o sistema. Não há cargo em comissão, por mais simplório, que tenha escapado da volúpia do poder. Jamais o setor público esteve tão loteado e atrelado a ideologias ou à ausência delas.
     O país digno sangra a cada fim de semana, a cada manchete.

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