terça-feira, 26 de julho de 2011

Demagogia e drogas

     A única medida efetiva tomada no Rio de Janeiro para enfrentar a tragédia provocada pela disseminação do uso de crack entre crianças e adolescentes - o recolhimento compulsório das ruas e a internação para tratamento - começa a ser bombardeada pelos estelionatários ideológicos de plantão.
     No O Globo de hoje, um grupo de 'especialistas' tem a coragem de evocar os Direitos Humanos e o Estatudo da Criança e do Adolescentes para contestar a iniciativa municipal. Na prática, essas pessoas defendem o direito que esse grupo de deserdados teria a uma morte indigna e devastadora.
     Faria a elas a pergunta que fiz ontem, num texto sobre o inferno das drogas: vocês gostariam de ver seus filhos e/ou irmãos na situação em que se encontram esses jovens, abandonados nas ruas, sujeitos às mais diversas formas de violência física e moral?
     Devemos, sim, exigir mais determinação dos governos, mais recursos para equipar os centros de recolhimento, mais centros de recolhimento, não só para jovens, mas também para adultos relegados a um estado de degradação deveria envergonhar a sociedade, transformados em lixo humano espalhado pelas ruas.
     Não há 'direito de escolha' que se sobreponha à obrigação que o Estado tem de zelar pelos seus cidadãos. Não há dignidade na opção pela autodestruição, até por que ela não é fruto de escolhas conscientes, e sim uma consequência de processos destrutivos de dependência química.
     Não é possível que pessoas que se julguem responsáveis fiquem à vontade ao assistir às cenas de mais total abandono que são registradas não apenas em redutos específicos, mas por toda a cidade. Apesar das minhas reservas, sou obrigado, nesse caso específico, a concordar com o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethem, quando contesta as críticas ao recolhimento: é pura demagogia.

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