quarta-feira, 20 de julho de 2011

População paga mais uma conta da demagogia

     Se eu fosse paulistano estaria, hoje, lamentando profundamente a estapafúrdia decisão oficial de presentear o Coríntians com um benefício fiscal que está orçado, nesse momento, em R$ 420 milhões. É isso mesmo. O contribuinte da cidade de São Paulo vai arcar com esse projuízo, pela 'honra' de hospedar a primeira partida da Copa do Mundo de 2014, no futuro estádio Itaquerão, uma obra particular bancada com o dinheiro público.
     A decisão dá uma trégua na enorme confusão que vem rondando há dois anos a construção de um estádio capaz de atender aos requisitos da Fifa. Como em outras ocasiões - mais ou menos nobres -, a conta fica com a população da maior cidade do país, refém de enchentes a cada chuva, engarrafada até a alma e obrigada a sobreviver à pior qualidade de ar dentre todas as capitais brasileiras.
     Seria uma decisão escandalosa, se já não fosse, por princípio, criminosa. Os pífios argumentos do prefeito Gilberto Kassab - a obra vai garantir melhoramentos para o bairro , na Zona Leste da capital, entre outros - não se sustentam. Com essa montanha de dinheiro, São Paulo poderia fazer muito pela sua população, sem sucumbir à demagogia do apelo esportivo representado pelo clube de maior torcida do Brasil.
     Ao lado do prefeito, tentando roubar um pouco do que acredita ser um bom momento, o insosso governador Geraldo Alkmin e esse incrível ministro Orlando Silva, do Esporte. Sem falar no presidente corintiano, Gilberto Sanchez, que chegou a "chorar", emocionado, segundo a Veja. Eu - se não tivesse um mínimo de vergonha na cara - acho que também choraria, se recebesse um presente desse tamanho.

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