quinta-feira, 21 de julho de 2011

Kassab não vê televisão

     Todos nós sabemos que a criatividade dos redatores de novelas, séries e programas afins está diretamente ligada, entre outros fatores, ao acontecimentos que recolhem nas páginas de jornais, nos noticiários de tevê. Esse fenômeno fica bem claro, em especial, nas séries da franquia Lei e Ordem, por mais que seus produtores ressaltem, em cada episódio, que os fatos ali retratados não têm ligação com acontecimentos reais etc etc etc.
     No caso de um dos últimos epísódios de Lei e Ordem Los Angeles, a lógica foi invertida pela realidade brasileira. Aqui, mais precisamente em São Paulo, nossos políticos parecem ter se inspirado no tal episódio, baseado na falsificação de assinaturas para um projeto de lei contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Mas não devem ter assistido ao filme até o fim.
     Para garantir o apoio necessário à sua campanha contra a homossexualidade, um pastor radical se associara a um coletor oficial de assinaturas, que cobrava cinco dólares a cada jamegão confirmado. Em síntese, quase metade das assinaturas era falsa e a ameaça de divulgação dessa falcatrua provovou duas mortes. O cabra que enchia os bolsos com as falsificações e participou de um dos crimes foi descoberto e, é claro, devidamente condenado. Assim como o filho do pastor, parceiro nos assassinatos.
      Se o prefeito Gilberto Kassab ou algum de seus assessores tivesse gasto algum tempo livre (se é que existe isso na 'atividade política')) passeando pelos canais a cabo, talvez esbarrasse nessa história e, com o alerta ligado, escapasse do vexame apontado hoje pela Folha: a lista de apoio á criação do seu (dele, Kassab) PSD está repleta de assinaturas falsas, crime comprovado por perícia grafotécnica.
     E agora, seu Gilberto? O prazo para a oficialização do novo partido está acabando (vai até setembro), e com ele sua chance de se candidatar. E o que é pior: com essas descoberta, todas as listas de adesão estão sob suspeita. O caso pode não dar cadeia, como na Los Angeles de ficção, mas tem tudo para condenar o PSD do prefeito a um castigo inesperado.

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