sábado, 9 de julho de 2011

O preço do silêncio de Pagot

     O país mudou, mesmo, nesses oito anos e meio. Hoje, é absolutamente normal - pelo menos é o que depreendo da leitura dos nossos jornais, em geral, e colunistas políticos, em especial - que o Governo faça o possível para evitar que acusados de corrupção contem tudo o que sabem sobre corruptos e corruptores.
     Em países que se propõem decentes, os governos - até por que é para isso que eles existem, entre outras coisas - fazem questão de encarar de frente corruptos e corruptores. Isso acontece até mesmo em lugares que - vamos dizer assim - não são exemplos de liberdade, como a China, onde os julgamentos desse tipo costumam ser rápidos e o fuzilamento imediato. Se lá estivessem, é quase certo que os 36 apontados agora pelo procurador-geral da República há muito dividissem uma cova rasa num cemitério comunal qualquer, executados com um singelo tiro na nuca.
     Por aqui, nessa terra arrasada pela demagogia eleitoreira, por esse estelionato ideológico, vem ocorrendo justamente o contrário, nesses tempos de PT e petistas no poder. Nossos governantes fazem 'de um tudo' para evitar CPIs, calar bocas, silenciar companheiros pegos em pleno exercício da roubalheira mais explícita já ocorrida em todos os tempos.
     Os mensaleiros - e aí, Lula (aquele que nunca soube de nada), desistiu de 'provar' que o Mensalão foi inventado pelos jornais e pela oposição? - sobrevivem há seis anos, muito bem, obrigado. Alguns foram até reeleitos, como esse incrível João Paulo Cunha (PT-SP), cuja mulher foi flagrada na boca do cofre, recebendo R$ 50 mil.
     Outros, como o ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, apontado e reapontado como o chefe dos assaltantes dos cofres públicos, desfilam sua força dentro e fora do Partido, desafiando o senso de dignidade da Nação. Isso, sem falar em 'cuequeiros', 'aloprados' e criminosos menos glamurosos, como os da prefeitura de Campinas, por exemplo, não por acaso ligada umbelicalmente ao ... PT.
     No caso mais recente de distribuição criminosa de renda pública - jamais alguém ouse dizer 'último', pois ainda teremos muitos anos de governos petistas -, ficamos sabendo - sem vomitar, o que é gravíssimo - que o Palácio do Planalto está trabalhando intensamente para manter calado o ex-diretor geral do Dnit, Luis Antonio Pagot, que já esteve disposto a contar tudo o que sabe, pois tudo teria feito cumprindo ordens diretas.
     Pagot, apressa-se a espalhar o Palácio, disse que nada disse. O acusado direto pela articulação da roubalheira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (o marido da 
ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também citada, no meio do rolo), estranhamente não se exasperou ou reagiu, atitude que seria esperada de um inocente. Ao contrário. Usou os amigos da mídia para elogiar seu detrator. Não se briga com homens-bomba, deve ter alertado o ex-presidente, no encontro secreto que teve com a presidente Dilma Roussef, a mesma que coordenava os gastos do Ministério dos Transportes no governo de seu antecessor e guru.
     O Palácio do Planalto balança mais uma vez, sacudido por acusações recorrentes de - digamos assim - 'uso não-republicado do dinheiro público'. A capacidade de resistência está diretamente ligada ao que pode surgir nos depoimentos do ex-diretor do Dnit na Câmara e no Senado, marcados para a semana que começa amanhã.
     Com Delúbio Soares, foi fácil: a promessa de manter seu padrão de vida e a volta ao partido, algum dia, reabilitado. Seu silêncio garantiu que Lula ressuscitasse da morte anunciada e merecida no Mensalão. Com Pagot, talvez o preço a pagar seja bem mais alto.

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