Fiquei comovido ao saber que a Associação dos Juízes Federais do Brasil está em plena campanha para a aprovação de férias de 60 dias para suas excelências. Os argumentos são inatacáveis: eles trabalham, por vezes, mais de 40 horas por semana e não recebem pelas horas extras dedicadas ao atendimento de suas obrigações.
Segundo O Globo, a Associação, em nota oficial, afirma, entre outras coisas, que "os juízes brasileiros são responsáveis pelo estudo e julgamento dos processos que lhes são distribuídos e são cobrados pelo cumprimento de metas arrojadas".
Impressionante. Ficamos sabendo, então, que juízes têm a incumbência de julgar e que precisam cumprir metas. Será que alguém precisa dizer a suas excelências que trabalho e cobrança fazem parte do dia a dia de toda a população brasileira, excetuando políticos, outra categoria também muito 'sacrificada'?
Não ficou claro se essas férias esticadas - só comparadas a de deputados e senadores - incluíriam, também, os recessos. Certamente não. Afinal, recesso é recesso.
Recentemente, nossos juízes andaram reclamando da obrigação de cumprir jornada de oito horas diárias e, paralelamente, de trabalhar à tarde, no verão, em especial no Nordeste. É isso mesmo: a Justiça descobriu que faz calor no Brasil. Na época, presumi que o pessoal do Judiciário estava querendo ir à praia depois do almoço.
O que mais me causa repulsa é ver que esse tipo de reivindicação parte de uma categoria especial, a elite da elite, homens e mulheres que - por seus méritos, é claro - recebem salários inimagináveis para a imensa maioria da população e ainda contam com gentilezas como carro oficial e uma boa cota de secretários para 'mastigar' os processos que chegam às suas mesas.
São indefensáveis.
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