quinta-feira, 7 de julho de 2011

A indústria dos pedágios

     Já que voltei aos temas 'caseiros' (veja postagem anterior, sobre o Detran-RJ), aproveito para emendar num assunto que me causa profundos sentimentos de repulsa: cobrança de pedágio dentro dos limites de uma cidade. Nós, cariocas, somos vítimas desse absurdo, dessa excrescência. Para ir de um bairro a outro, de uma forma relativamente decente, somos obrigados a alimentar o caixa dos gestores da Linha Amarela, nada mais do que o caminho mais rápido e mais caro entre dois engarrafamentos.
     Não estou discutindo - embora tenha argumentos - a cobrança em rodovias intermunicipais, estaduais, federais. Estou me limitando ao pedágio para ir da Freguesia a Piedade, dois bairros distantes não mais do que três quilômetros, em linha mais ou menos reta. Haverá, sempre, quem argumente que esse trajeto, em especial, pode ser feito pela auto-estrada Grajaú-Jacarepaguá, sujeitando-se a rajadas de fuzis e chuvas de balas. Então, se há opções ...
     Como também se pode ir do Aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão, para os mais antigos) à Barra sem passar pela Linha Amarela. É claro que sim. Basta pegar a Linha Vermelha, seguir pelo Elevado da Avenida Paulo de Frontin, cruzar o Túnel Rebouças, desembocar na Lagoa, embarafustar pelo Dois Irmãos, cortar São Conrado, vencer mais dois pequenos túneis e, voilà!, sorrir por estar chegando ao destino, três ou quatro horas depois, dependendo do horário.
     E vocês sabem o valor de cada passagem pelo pedágio da tal LAMSA: incríveis R$ 4,30!!! É isso mesmo: R$ 8,60 ida e volta, em dinheiro vivo, como o do jogo do bicho. E sabem quem pagou pela obra, que já se pagou uma dezena de vezes, e continua pagando: cada um de nós.
     Com a desfaçatez dos isentos de taxas, afins e de um mínimo de vergonha na cara, o prefeito Eduardo Paes (ex-PFL, ex-PSDB e atual PMDB) nos ameaça, agora, com a cobrança de pedágio em outra futura 'rua' da cidade, batizada por ele de "Corredor Expresso", ou coisa que o valha. Uma obra que a Prefeitura seria obrigada a fazer - não apenas para atender às exigências feitas pelo Comitê Olímpico Internacional quando da candidatura do Rio a sede da Olimpíada de 2016 - porque é - antes de tudo - fundamental à cidade, à dignidade dos seus cidadãos.
     Assim como a duplicação da Avenida das Américas, o Túnel da Grota Funda etc etc. Governar é isso mesmo: trabalhar para melhorar a qualidade de vida da cidade, do estado, do país. Mas parece que essa gente esquece tudo quando chega lá.
     E não escuto ou leio uma menção de repúdio a esses absurdos.

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