quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ideologia e política

     Quem acompanhou as crises políticas brasileiras nos governos do ex-presidente Lula certamente se acostumou a ver e - até certo ponto - admirar a atuação sóbria, mas incisiva do ex-deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR). No ano passado, inchado pela exposição, Fruet tentou, sem sucesso uma vaga no Senado.
     Pois bem. Fruet está de saída do PSDB - entregou a carta hoje -, inconformado por ter sido preterido como futuro candidato à Prefeitura de Curitiba, cargo que, no passado, foi ocupado por seu pai, Maurício Fruet.
     Deve se mudar de mala e cuia para o PDT, ou - tenho o direito de presumir - para qualquer sigla que lhe ofereça a oportunidade de brigar com chances pelo direito de dirigir a capital paranaense. Não é novidade. Ele fez isso antes, mais exatamente em 2004, quando trocou o PMDB pelo PSDB, pelo mesmo motivo.
     Se políticos presumivelmente sóbrios exibem, sem constrangimento algum, essa - digamos - volatilidade ideológica, o que podemos esperar da grande maioria, que sequer se preocupa em manter as aparências?
     É claro que Fruet, em particular, e nosso políticos, em geral, têm o direito de se acharem no direito de administrar a cidade onde nasceram, ou o estado. Ou o país. Mas até que ponto esse direito pessoal se sobrepõe às visões ideológicas, à afinidade de proposições?
     Talvez o curitibano Fruet esteja se espelhando na trajetória do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, um dos exemplos bem-sucedidos de descompromisso com siglas e programas políticos e seu antigo colega de bancada em Brasília.
     Paes nasceu no antigo PFL (cria do ex-prefeito Cesar Maia), cresceu no oposicionista PSDB (ao lado do próprio Fruet, durante as investigações sobre o Mensalão) e se bandeou para o governista (seja lá qual for o governo) PMDB.
     Plagiando a campanha presidencial que levou Bill Clinton à Casa Branca, em 1992, sou obrigado a admitir, com certa náusea: isso é política, estúpido.

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