domingo, 3 de julho de 2011

Protestando contra os protestos

     Acho que esse negócio de ficar fazendo passeata de protesto contra e/ou a favor de qualquer coisa está funcionando como um tiro no pé. Não é possível que alguém razoavelmente são, que tenha o que fazer, horário marcado, olhe com simpatia para aqueles gatos e gatas pingados que um dia sim e outro também provocam engarrafamentos e enchem o saco dos moradores dos bairros escolhidos para servir de palco às suas ações.
      A última passeata aqui no Rio - não soube de outra, mas pode ter acontecido, sim - reuniu umas duas dezenas de jovens e não tão jovens mulheres que protestavam contra a falta de respeito da sociedade - dos homens, em especial - para com elas. E, para mostrar o quanto querem ser 'respeitadas', puseram os ditos para fora e saíram balançando seus atributos mamários na frente das câmeras, numa orgia glandular que normalmente só é vista nos desfiles carnavalescos.
     No Rio, quase todos os protestantes batem ponto à beira-mar, perto da Globo (eles sabem que se a Globo não estiver por lá, a passeata não existiu). O horário é sempre o mesmo: quando a equipe de reportagem global chega. Dias ensolarados, de céu azul e mar claro, são ideais, pois garantem a beleza das imagens, o contraponto. Pelo menos os demais mortais - compulsoriamente envolvidos - podem se distrair, olhando as areias. Já em São Paulo ...
     Na 'cidade da garoa', o cenário também é sempre o mesmo: Avenida Paulista, com concentração nas proximidades do MASP. Perto de tudo o que interessa - leia-se 'redações' - e com a garantia de aumentar o infernal e diário engarrafamento, o que por si só já ajuda a divulgar o protesto. Lá, não há a opção da paisagem para quem não quiser olhar faixas e cartazes.
      Se eu fosse paulistano e não quisesse fumar maconha ou casar com alguém do mesmo sexo, começaria urgentemente uma campanha pela realização de uma passeata de protesto contra as passeatas a favor.

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