sexta-feira, 8 de julho de 2011

A nova língua global

     Tudo bem que a Rede Globo tenha conquistado a importância e o destaque ostentados já há algum tempo. Méritos há, quaisquer que sejam. Ninguém simplesmente lidera audiências e conquista cachoeiras de prêmios internacionais sem que exiba algum conteúdo. Mas nem por isso pode sair por aí criando um novo idioma, uma nova língua, ditada pelos fonoaudiólogos de plantão.
     Eu sei bem o quanto é difícil disparar polissílados e proparoxítonas ao vivo e a cores. Mesmo quando essas profusões de letras e entonações são apresentadas por Fátima Bernardes, a incontestável musa das notícias. Musa, sim: confesso que sua nunca negada preferência clubística influencia qualquer tentativa de julgamento isento que eu ameace fazer. Fátima é Vasco. E - não sei se fui o único a reparar - foi trabalhar praticamente uniformizada (faltou apenas a Cruz de Malta), no dia seguinte à conquista da Copa do Brasil.
     Ser vascaína, mãe de trigêmeos, inteligente e bonita, no entanto, não a absolvem automaticamente pela recorrente conivência no crime de 'ocultação de paroxítonas' e, em muitos casos, de alteração de acentos nas proparoxítonas que vem sendo perpetrado pela Globo. Não há mais palavras acentuadas na penúltima silaba, deve ter decretado o padrão de qualidade da emissora. 'Desliza(men)to' passou a ser '(DES)lizamento'. 'Socie(da)de' virou - prestem a atenção - '(SO)ciedade'.
    Até mesmo a proparoxítona palavra paroXÍtona já não mais existe. Virou PAroxitona (nesse caso, sem o acento no i), embora permaneça proparoxítona.

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