quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um desfile de mediocridades

     Foi, talvez, a mais ridícula demonstração de mediocridade e quintomundismo a que eu assisti nos últimos tempos. Estou falando (escrevendo, para ser mais exato) das festividades pela passagem dos duzentos anos da independência da Venezuela, comemorada ontem. A sequência de desfiles mambembes de tropas; a apresentação da meia dúzia de carros de combate comprados na Rússia; e o 'show' de uns três ou quatro jatos, que simulavam um ataque aéreo, só não foram mais deprimentes do que a aparição, em telões, do coronel de opereta Hugo Chavez, uma espécie de Simon Bolivar de passarelas de carnaval.
     E o que dizer daquelas pessoas simplórias, arrastadas para as ruas pelo mais canhestro sentimento de algo que acreditam ser amor à pátria ameaçada por inimigos. Um sentimento forjado no cérebro desgovernado dos seus governantes. Uma dessas pessoas, 'entrevistada' pelo Jornal Nacional sobre as demonstrações megalomaníacas de Chavez, embevecida, garantia que aqueles carros de combate e caças "eram necessários para defender o país das ameaças". Não sabe que uma das maiores ameaças ao seu país, à verdadeira libertação, é o culto à personalidade do presidente.
     Essa manifestação, causada claramente pela falta de informação, pela manipulação dos fatos e pela propaganda governamental, é até admissível. Os aplausos eufóricos às manobras de guerra, partidos da bancada de convidados especiais, não. Exceto se analisados pelo lado do mais vulgar e vagabundo do interesse em agradar ao sujeito que paga suas mesadas.
     A ressaltar, a bem da verdade, o evidente constrangimento do presidente uruguaio, o ex-guerrilheiro José Mujica, contrastando com a euforia do cocaleiro Evo Morales, da Bolívia, e com a desinibição do reprodutor paraguaio, o ex-padre Fernando Lugo.

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