sexta-feira, 8 de julho de 2011

4,7 mil anos de prisão para mensaleiros

     Infelizmente - para um país que se quer decente, algum dia - acho que o caso vai prescrever, afogado por um tsunami de recursos de última hora. Mas faz muito bem à saúde moral de todos que o atual recém-reconduzido procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tenha-se decido por pedir ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 acusados no processo do Mensalão (com letra maiúscula), o maior escândalo da recente história política brasileira . O Mensalão, não devemos esquecer, foi denunciado em 2005, pela Folha de São Paulo, com base em acusações do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que frequentava as salas, quartos e dependências íntimas do governo da época.
     A prevalecer o pedido, a soma das condenações dos acusados pode chegar a 4.700 anos de prisão, ou pouco mais de 130 anos - em média - para cada um dos que assaltaram os cofres públicos para financiar o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, os 'projetos imediatos' do ex-presidente Lula (mas ele não sabia de nada ...) e as contas pessoais de algumas excelências da base de sustentação do governo. Tudo isso com o dinheiro de todos nós, repassado através da agência de publicidade e propaganda do mineiro Marcos Valério.
     O chefão do esquema - e o atual procurador é incisivo - era o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, a quem Roberto Gurgel, no seu parecer, classifica assim, segundo a Folha:
"Partindo de uma visão pragmática, que sempre marcou a sua biografia, José Dirceu resolveu subornar parlamentares federais, tendo como alvos preferenciais dirigentes partidários de agremiações políticas. A força do réu é tão grande que, mesmo depois de recebida acusação por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo pleno do STF, delitos graves, ele continua extremamente influente dentro do PT, inclusive ocupando cargos formais de relevo."
    E, confirmando de forma clara o que os críticos isentos vem apontando há algum tempo, o procurador não faz por menos. Segundo ele, o esquema do Mensalão tinha por objetivo, "mais do que uma demanda momentânea (...), fortalecer um projeto de poder do PT de longo prazo."
     Lula foi reeleito e elegeu Dilma Roussef. Por enquanto, o projeto vai dando certo.

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