quinta-feira, 7 de julho de 2011

Do encanto ao dissabor

     Ao longo desses meses, tenho evitado comentar jogos de futebol, em especial os do Vasco, pela ligação afetiva, que atropela totalmente o distanciamento crítico necessário que eu tentava exibir, por exemplo (sem conseguir, acho), nos tempos da editoria de Esportes do JB, nos idos dos anos 1980.
     Há alguns dias, comemorei, com os torcedores, a conquista da Copa do Brasil, inédita, para nós. Destaquei, também, a sobriedade do técnico Ricardo Gomes, um exemplar raro de educação dentro e fora do campo. Mais recentemente, me associei à alegria pela volta do meio-campo Juninho, um atleta exemplar que marcou sua passagem pelo clube.
     Hoje, me vejo compelido a falar sobre a ressaca prolongada, sobre esse acúmulo de resultados pífios no Campeonato Brasileiro. Desde logo, quero deixar bem claro que não engulo a desculpa do tal 'relaxamento-natural-após-a-conquista-da-vaga-na-Libertadores'. Conversa fiada de quem nunca jogou sequer peladas e tenta encontrar justificativas para atuações medíocres.
     Dito isso, vamos ao jogo de ontem, no qual o Vasco jogou fora mais uma chance de se manter entre os candidatos ao título brasileiro. Não tenho dúvidas, no entanto, que o Coríntians mereceu vencer (2 a 1). Jogou como time grande a maior parte do tempo. Saiu perdendo, procurou o empate e arrancou a vitória, com uma atuação muito boa de Jorge Henrique, o melhor do time, para mim. Simples assim.
     Já o Vasco. O início foi encantador e, ao mesmo tempo, enganador. O gol de Juninho, de falta, logo aos dois minutos, justamente na sua volta ao futebol brasileiro, fez o torcedor sonhar com uma noite perfeita. Daí em diante, quase nada de bom. O time foi inteiramente dominado pelo adversário, especialmente no meio do campo.
     Felipe e Juninho, remanescentes de uma época memorável, passaram a errar tudo o que tentavam, acossados pelos adversários e sem ter a necessária e obrigatória ajuda de Diego Souza, um jogador que tem se mostrado omisso, fora de forma e mais preocupado em fazer e cavar faltas. Como em jogos passados, Diego não compôs a defesa (parou, ao ser driblado no lance do segundo gol corintiano), não ajudou na criação e desapareceu no ataque. Uma peça nula e que comprometeu, claramente, o desempenho dos companheiros, especialmente de Rômulo, que ficou sozinho e perdido na ajuda aos zagueiros, e de Juninho e Felipe, facilmente dominados. Sem falar no abandono a que relegou os atacantes Éder Luís e Alecsandro, que praticamente não incomodaram, principalmente o centroavante, que ainda não justificou sua contratação.
     A defesa foi o setor menos ruim da equipe, apesar da falha absurda do goleiro Fernando Prass - mais uma - no primeiro gol. Não é fácil passar 60/70% de um jogo tentando evitar gols, sem descanso. Dentre todos, o mais destacado - ou o menos pior - foi o lateral-esquerdo Márcio Careca, sobrecarregado pela falta de cobertura e ainda obrigado a chegar no ataque.
     Ricardo Gomes, mais uma vez, demorou a mexer no time. Aliás, escalou mal, ao insistir com Diego Souza. Assim como erra ao colocar Alecsandro. E errou ao deixar Rômulo praticamente sem ajuda. E continuará errando, se insistir em escalar Felipe e Juninho, ao mesmo tempo, sem estruturar melhor a chamada cabeça da área.
     Antes de encerrar: que história mal-contada essa da saída do Ramon para o Coríntians. Um jogador que brigou tanto para ficar no Vasco, fez juras de amor e que sai pela porta dos fundos. Lamentável.

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