domingo, 17 de julho de 2011

Um país sem graça

     Talvez seja a notícia mais importante do fim de semana, pela dimensão nacional. Nacional, sim, embora, pareça restrita à cidade paulista de Mogi das Cruzes.Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o deputado federal Valdemar da Costa Neto, do tal Partido da República, dono do Ministério dos Transportes, anuncia que vai apadrinhar a candidadura do senhor Edvaldo Hermenegildo à Câmara Municial, nas próximas eleições.    
    Edvaldo, para todos nós que vivemos além das fronteiras do reduto de Valdemar - um dos acusados pela Procuradoria-Geral da República de integrar a quadrilha do Mensalão, com letra maiúscula - seria apenas mais um entre os milhares de candidatos que vão surgir ao longo do próximo 'processo eleitoral', que vai culminar em outubro de 2012.
     A diferença, destacada pelo repórter Fernando Gallo, é que Edvaldo encarna o palhaço Bubu, conhecido nas ruas centrais da cidade pelo trabalho diário de divulgação das promoções de lojas comerciais. Em bom português, pelas palhaçadas que faz para ganhar o pão de cada dia.
     Bubu, a julgar pelas últimas eleições e nível dos políticos em geral, tem todos os atributos para se transformar no segundo palhaço formal desse incrível PR. O outro, Tiririca, chegou a Brasília rindo à toa da montanha de votos que recebeu e o transformou no deputado mais bem votado do país.
     Valdemar da Costa Neto, pelo que se compreende na reportagem, acredita que Bubu venha a se transformar em uma espécie de Tirica municipal, também sua 'cria', um fenômeno de votos capaz de carregar para a Câmara de Mogi das Cruzes uma legião de companheiros, assim como aconteceu na esfera federal. Não duvido. Lastimo.
     Nada contra palhaços e palhaçadas, no entanto. Cresci vendo Carequinha e Arrelia. Ri bastante, quando moleque, das estripulias dos palhaços dos circos mambembes que aportavam no então ainda mais longínquo subúrbio de Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, onde cresci. E eles sempre venciam seus embates com vilões, graças a pontapés nos fundilhos, muitos 'puns' esfumaçados e barulhentos e a uma malandragem simplória, do bem.
     Hoje, os palhaços estão aliados aos zumbis. Não têm a menor graça.

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