quarta-feira, 2 de maio de 2012

Os bancos na berlinda

     A forma talvez não tenha sido a ideal, pelo que conteve de inegável apelo populista, intervencionista, mesmo. Mas concordo com o conteúdo da fala da presidente Dilma Rousseff, ao criticar a política de lucros adotada pelos bancos brasileiros, em especial. Jamais aceitei, assim como a imensa maioria da população, a agiotagem oficial, o tal do 'spread', que - em síntese - é a margem entre o que os bancos pagam pelo nosso dinheiro e o que eles cobram para nos emprestar.
     É - mesmo com todas as taxas, com o risco de inadimplência e custos de manutenção - um absurdo. Captar por algo em torno de 1% e emprestar por 13% ao mês chega muito perto de um assalto. É verdade que essa diferença tem alguns motivos gerados pelo próprio governo, que cobra taxas altíssimas (vou me permitir não entrar em detalhes dessa macroeconomia).
     Mesmo com todas as distorções da nossa política de impostos - a sanha governamental não tem limites -, que se transformam na imensa carga tributária que massacre o cidadão e emperra o setor produtivo, ser banqueiro, no Brasil, é mergulhar no paraíso. Nos últimos anos, então - contrariando a histórica e já desmoralizada discurseira petista -, os bancos brasileiros acumularam lucros exorbitantes, ao contrário das instituições internacionais, que sofreram com a crise mundial.
     Os últimos balanços exibiram uma pujança jamais vista, uma desenvoltura especial para acumular ganhos. Algo precisaria ser feito, sim, para dar uma nova feição a esse setor da economia. Ao decidir pela redução das taxas cobradas pelos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Exconômica Federal), o Governo deu sinais claros de mudança, mesmo que obrigado pela necessidade de estimular o consumo, para assegurar o crescimento e, pelo menos, adiar a crise quer ameaça todo os continentes.
     A expectativa de os bancos particulares seguirem a toada oficial não se concretizou. Houve, sim, alguns ajustes, mas nada comparáveis. Ao optar pelo enfrentamento, puro e simples, sem oferecer uma contrapartida, o Governo colocou as instituições bancárias na mira da população, sabendo que seria apoiado.
     Não foi uma atitude de todo saudável, pois revive fantasmas intervencionistas inaceitáveis. O mercado deve se regular naturalmente. Cabe aos governos, sim, acenar com sua visão política, exercitar políticas que gerem mudanças. Mas sem confrontamentos rançosos ou apelos demagógicos.
     De qualquer modo, a presidente Dilma Rousseff reproduziu nossos sentimentos a cada fim de mês. Só não pode esquecer que governos precisam oferecer mais do que palavras. A realidade exige medidas firmes, como a reforma tributária, fundamental para reduzir não só as tarifas bancárias, mas o enorme e absurdo custo Brasil.

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