sábado, 19 de maio de 2012

O fator Cavendish

     O texto principal da Veja, hoje, explica o imenso ódio que bandidos em geral, petistas e asseclas em especial, têm da revista e de todos os que não comungam com as pilantragens perpetradas em nome de um projeto de poder. Com o potencial gerado por uma tiragem superior a um milhão de exemplares, os fatos formatados nas suas reportagens repercutem acentuadamente e expõem os bastidores da enorme engrenagem de corrupção e pilantragens que se consolidou no país principalmente nos últimos nove anos dessa lamentável Era Lula.
     Imagino os esgares desses personagens deletérios ao lerem - todos eles compram a revista - as vigarices distribuídas ao longo da semana consolidadas, aprofundadas e - quase sempre - antecipadas, num caldo que sufoca. O impacto é enorme, doloroso, até por atingir uma camada mais esclarecida da população, que não se contenta com a - digamos - 'ligeireza' do Jornal Nacional.
     Particularmente, fico feliz em ter a possibilidade de ver que muito do que escrevo durante a semana - a partir da análise livre e descompromissada politicamente dos fatos que surgem diariamente - é corroborado. Como a minha indignação com a associação indecorosa entre um dos mais destacados petistas do Congresso, o deputado paulista Cândido Vaccarezza, e o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB).
     Ao manobrar para evitar a convocação e a quebra dos sigilos do governador do Rio de Janeiro e do presidente da empreiteira Delta, o lídimo representante da decência petista estava atuando, também, para preservar o esquema de poder que se instalou no país e que - ao que demonstram os fatos - é sustentado pela mais desenfreada e escandalosa parceria do público com a privada.
     O assalto aos cofres públicos e à dignidade executado no Mensalão do Governo Lula - prestes a ser julgado - foi substituído, ao ser descoberto, por um modelo mais simples e direto de roubalheira: a distribuição de dinheiro a partidos e políticos, através de empresas que executam trabalhos para os diversos escalões.
     Praticamente não há uma grande obra - é a CGU que diz - sem superfaturamento, sem o tal sobrepreço, eufemismo usado para designar o roubo mais canalha. Esse 'sobrepreço', pago por todos nós, é usado para distribuir benesses e dinheiro vivo entre partidos e políticos, para financiar campanhas e bolsos, quase todos companheiros.
     É assim que o Brasil vem andando. É verdade que a corrupção não é coisa nova, nem só nossa. Mas é indiscutível que a ladroagem foi institucionalizada nos últimos anos, sob o argumento 'ideológico' de estar financiando uma causa. Era a desculpa que davam os achacadores de empresas de ônibus de municípios paulistas comandados pelo PT, no começo dos anos 2000. Foi a desculpa espalhada por pilantras que se dizem de 'esquerda' para absolver o Mensalão e seus 38 ladrões formais (falta gente nessa relação).
     É a tônica do discurso de hoje, quando a promiscuidade entre um contraventor e diversos 'representantes' da sociedade descortina a possibilidade de a sociedade aprofundar sua fiscalização sobre as relação entre empreiteiras e governos. Não foi por outro motivo que o PT - com o apoio indecoroso de alguns dos poucos representantes da Oposição na CPI - arquitetou a manobra destinada a livrar o empresário Fernando Cavendish de investigações mais objetivas.
     Investigações que - como lembra Veja - desaguariam implacavelmente nas estreitas conexões entre a Delta, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (contratado como 'consultor' pouco antes de a empresa decolar rumo ao infinito) e outros elementos da base. Já calcularam o potencial destrutivo de um empresário que, de um momento para outro, além de ver sua vida de prazeres e fausto ameaçada, experimenta o amargo sabor do abandono?
     A provável 'absolvição' - pela Comissão de Ética(???) da Câmara - dos três deputados citados nominalmente nas escutas policiais (sugerida pela Folha), perto disso tudo, é fichinha. Suja, imunda, mas bem pequena.

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