sábado, 19 de maio de 2012

Marchas e contramarchas

     Marchei muitas vezes. Literalmente - no curso de Infantaria do CPOR-RJ, naqueles idos de 1967 -; como integrante ativo de passeatas; e cobrindo, já como repórter, diversas andanças pelas ruas do Rio. As mais pesadas, literalmente, foram, não há dúvida, as que realizei carregando o pesado equipamento que caracteriza o infante daqueles tempos. Eram marchas profissionalizantes, se é que posso chamá-las assim. Obrigatórias e com um fim específico.
     As mais emocionais e envolventes - e não há dúvida, também - foram as que marcaram o fim dos anos 1960 e início dos 1970. Também tinham objetivos definidos: protestar contra o regime militar, expor insatisfações, marcar posições, pedir liberdade.
     Foram atividades bem mais objetivas do que as duas marchas que infernizaram e ainda infernizam a vida das duas cidades mais importantes do país, hoje: a da maconha, em São Paulo, e a 'Marcha para Cristo', no Rio, na verdade, um ato discriminatório.
     Ambas foram autorizadas, é verdade, e obedecem ao princípio da liberdade de expressão conquistada ao longo das últimas décadas. A do Rio, liderada pelo pastor Silas Malafaia, de fato, foi dirigida contra a formação de famílias 'não-convencionais', através da união entre pessoas do mesmo sexo, um direito assegurado pela Lei e que deveria ser respeitado - não falo em aceitação -, especialmente por religiosos.
     Tenho restrições semelhantes à passeata paulista, formada principalmente por jovens. Não consigo vislumbrar algo de defensável na apologia de um comportamento que formalmente está associado ao crime. Maconha, que eu saiba, é uma droga proibida, só acessível por meios ilegais. E enquanto assim for, deve ser combatida. Nossa juventude poderia estar se dedicando a algo mais proveitoso. Talvez devesse olhar para trás, para entender o significado real de liberdade. E marchar por ela. 

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