domingo, 13 de maio de 2012
Confissões de um adolescente
Minha mãe é tema recorrente nos meus textos e lembranças, embora já não esteja conosco há quatro anos. Com o passar do tempo, conquistas e perdas, acredito que desenvolvemos naturalmente um jeito muito particular de avaliar, pesar, olhar para trás.
Ser mãe continua sendo uma tarefa absolutamente difícil, muito maior e mais complicada do que ser apenas pai. Mesmo quando se é um bom pai, daqueles participativos, referenciais. Tenho na minha vida três exemplos bem claros: minha mãe, a mãe das minhas duas filhas e a mãe dos meus dois netos.
Dona Dalva, minha mãe, certamente enfrentou o desafio mais contundente. Viúva aos 45 anos, foi obrigada a acabar de criar, sozinha, sem apoio algum, de quem quer que fosse, dois jovens recém-entrados na adolescência, num subúrbio distante, em uma casa simples. Já disse certa vez e repito: não teve a menor culpa se o resultado não foi melhor.
Ontem, revirando uma gaveta, encontrei um bilhete (reproduzido acima) que ela guardou por 42 anos e do qual eu já não tinha a menor lembrança. Um misto de confissão e reconhecimento. Algo eu devo ter feito - como todos nós fizemos e outros farão -, mas ela certamente perdoou, assim como quase todas elas.
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