quarta-feira, 2 de maio de 2012

Começou a vigarice

     Os comandantes da CPI destinada a apurar a escandalosa relação entre o contraventor Carlinhos Cachoeira, políticos em geral e governos em especial - simples prepostos do Poder, escolhidos por sua dedicação total -, começam a exibir o que o país temia: uma enorme determinação para inibir as investigações sobre a partiipação da construtora Delta nos esquemas de corrupção, sobrepreço (roubalheira) e financiamento de campanhas (outra canalhice), limitando-as à Região Centro-Oeste, segundo avaliação de O Globo.
     Agindo assim, a CPI livraria a cara dos governadores mais afetados por denúncias (Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal e Marconi Perillo, do PSDB de Goiás) e aliviaria a enorme pressão que recai sobre o peemedebista fluminense Sérgio Cabral (o amigo certo das horas incertas de Fernando Cavendish, dono da Delta), parceiro de fé do ex-presidente Lula e de sua sucessora. Sem falar nas ameaças que pairam sobre o Planalto, em virtude das estreitíssimas e suspeitíssimas relações entre a constutora e PAC.
     Não se poderia, mesmo, esperar outra postura de uma comissão integrada, entre outros, pelo senador alagoano Fernando Collor de Melo, o primeiro ex-presidente brasileiro cassado por corrupção, e pelo deputado federal Delegado Protógenes, do PCdoB paulista, citado em conversas gravadas pela Polícia Federal. Guardadas as devidas proporções, a situação nos remete a um ditado antigo, batido, mas atual: raposas tomando conta de galilheiros.
     O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já disse que recusará o convite para depor sobre a - digamos - morosidade em averiguar denúncias que já eram do seu conhecimento há alguns anos. O ainda senador Demóstenes Torres, através de seu advogado, já antecipou a linha de sua defesa: desqualificar as provas, com artifícios legais. É provável que consiga.
     Não podemos esquecer que a Câmara, em agosto passado, absolveu a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) de quebra de decoro, mesmo confrontada com gravações em que ela aparecia recebendo dinheiro vivo, fruto de corrupção. E que o deputado João Paulo Cunha, do PT paulista, é o atual presidente das Comissão de Constituição e Justiça, apesar de seu envolvimento deletério com o Mensalão do Governo Lula, o maior assalto aos cofres públicos da nossa história recente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário