domingo, 20 de maio de 2012

A imprensa dos sonhos (deles...)

     Eles não se emendam. Aproveitam qualquer chance para reclamar da imprensa, lamentar que jornais e revistas divulguem o que não está sendo feito ou - o que é pior - está sendo realizado de maneira, digamos, não muito clara e/ou 'republicana'. Eles, acho que não dúvida quanto a isso, são os ilustres componentes do Governo em geral e petistas em especial.
     Hoje, segundo nos conta a Folha, foi a vez de o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, do naftalínico PC do B, se queixar que "só os jornalistas se preocupam com os atrasos das obras para a Copa de 2014". Para o sucessor de Orlando Silva (aquele mesmo que andou envolvido em acusações de tramoias com ONGs, até 'pedir demissão'), "a sociedade não desconfia da realização do evento".
     Talvez sim, ministro. A sociedade vem engolindo quase dez anos de propaganda enganosa, acreditando em PACs e outros fantasmas e na existência de uma proposta séria de limpeza em todos os escalões. Não seria espantoso que acreditasse que tudo vai bem, que não há atrasos absurdos e desvios de verbas escandalosos. Talvez exista, sim, quem crê na integridade dos que assinam contratos superfaturados e negociam dificuldades, para garantir vantagens adicionais.
     O papel de uma imprensa digna, no entanto, deve ser outro. Por definição e vocação, deve investigar as manobras de corredores e desvãos de escada, avaliar os pontos fracos da discurseira oficial, somar e diminuir verbas e aditivos. Quando um jornalista sério é confrontado com os números astronômicos da reforma do Maracanã, por exemplo, deve destacar que é a terceira obra em 10 anos e que só essa fase vai custar quase duas vezes o preço de um dos mais modernos estádios da Inglaterra e da Europa, o do Manchester United, inaugurado recentemente.
     Assim como deve - ela, a imprensa - denunciar as manobras destinadas a falsificar projetos, como aconteceu em Cuiabá, para benefiar empresas amigas. Essa é a imprensa que o Brasil precisa ter. A da preferência da companheirada é outra. É aquela no estilo do cubano Granma, a única 'opção' para fins sanitários que existe na ilha da fantasia, ou a brasileira impulsionada por verbas oficiais.

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