domingo, 27 de maio de 2012

Sem direito ao perdão

     A degradante iniciativa - mais uma!!! - do ex-presidente Lula, ao chantagear o ministro Gilmar Mendes, na tentativa de adiar o julgamento do Mensalão, conforme denúncia publicada em Veja, não pode servir de arma para o PSDB negociar a impunidade do governador goiano Marconi Perillo, envolvido de maneira inegável nas escandalosas relações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira, políticos, governos e empresários.
     São fatos absolutamente distintos, que merecem apuração séria e punições exemplares. O governador precisa, sim, explicar direitinho a venda de sua casa, os favores oficiais, os telefonemas gentis e servis, a evidente presença do contraventor nos vários escalões de seu governo. Não cabe discutir como os fatos chegaram a público, mas agir. A cassação do mandato que o governador desonrou com palavras e atos serviria como advertência, um aviso. O Brasil não pode conviver indefinidamente com a falta de dignidade.
     O mesmo raciocínio se aplica ao ex-presidente Lula, que a cada momento dá novas e contundentes demonstrações do quanto é simplório e limitado. Na presidência, inflado por ventos favoráveis da economia mundial, pôde exercer com facilidade a arte de mistificar, tergiversar (embora não deva saber o que vem a ser isso), exatamente como agia como sindicalista. Jamais teve a exata dimensão do cargo que ocupava, da sua importância histórica.
     Lula escapou por pouco da cassação, quando do episódio do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos realizado até agora. Mentiu no primeiro momento, escondeu-se em seguida, culpou auxiliares (como sempre fez) e aproveitou-se da mediocridade de uma Oposição desfibrada e desorientada, incapaz de assumir a postura republicana que a ocasião exigia.
     Renovado, o monstro alimentado no Palácio do Planalto envolveu todos os setores e corredores de empresas e ministérios. Montado sobre a base parlamentar mais deplorável da nossa história recente, o esquema de poder consolidou-se e ramificou-se. Praticamente não houve um ministério sequer que tenha escapado de acusações de roubo, desvio de verbas, corrupção. Os males estenderam-se pelo governo atual, praticamente paralisado desde que chegou ao poder.
     Hoje, quando ameaçado pelo confronto com a Justiça, o esquema corrupto que vicejou à sombra de Lula tenta reagir. Com o fracasso da estratégia que redundou na CPI do Cachoeira, destinada, apenas a acertar opositores e afogar o julgamento do seu Mensalão, o ex-presidente recorreu a mais uma tarefa desqualificante: chantagear a mais alta Corte de Justiça do país, de acordo com as acusações de um de seus ministros, alvo principal do ataque.
     Não deve haver perdão.

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