segunda-feira, 21 de maio de 2012

O fator Delta (3)

     Uma notícia publicada hoje pelo Estadão certamente ajuda a explicar a enorme preocupação da base governista - esse inacreditável saco de gatos ideológico que acolhe com carinho e pompa personagens como Fernando Collor de Melo e Paulo Maluf - em evitar a quebra dos sigilos da Construtora Delta e de seu ex-presidente, Fernando Cavendish, pela CPI que investiga o escandaloso relacionamento do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos, em geral, e governos, em particular.
     Segundo a matéria, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades em 545 obras patrocinadas pelo Governo Federal. Em quase 200, a roubalheira foi considerada 'grave'. O sobrepreço - eufemismo para assalto ao dinheiro público - lidera o ranking de pilantragens, com 55%, seguido muito de perto por uma tal de "inadequação de projeto básico", que ostenta vigorosos 54%.
     Se considerarmos que essa tal "inadequação" nada mais é do que uma vigarice que altera projetos para que se tornem mais caros e, portanto, mais rentáveis para empresários e administradores, chegaremos a fabulosos 99% de gatunagem.
     De acordo com os dados divulgados, a obra de transposição das águas do Rio São Francisco - prevista para ser inaugurada em 2010 e que já não tem prazos para acabar - é campeã de safadezas. Não por acaso, a Delta figura entre as empresas 'envolvidas'.
     Fica fácil entender a mobilização governista para barrar as investigações. Enquanto a pilantragem atingia apenas representantes da Oposição, como imaginava o guru de Garanhuns, estava tudo bem. Mas havia uma Delta no caminho.

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