terça-feira, 29 de maio de 2012

Um senador ainda menor

     O ainda senador goiano Demóstenes Torres - ele é do DEM, sim, apesar de ter 'renunciado à legenda' - saiu ainda menor, se é que é possível, do depoimento que prestou ao Conselho de Ética do Senado, sobre suas escandalosas relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Foram duas horas de lamentações, demonstrações tardias de arrependimento e apelos sentimentaloides ao que ele chamou de sua vida política.
     Agarrou-se a outro salva-vidas furado: o fato de as gravações absolutamente comprometedoras de suas conversas com o contraventor terem sido obtidas - segundo ele - de maneira ilegal, pois necessitariam de autorização do Supremo, pelo fato de ele ser um senador da República. Já destaquei isso antes, mas não custa repetir: a gravação de suas vigarices (dele, Demóstenes) foi uma consequência de investigações legais, e não a motivação.
     Além do mais, o argumento remete a uma confissão de crimes, mais graves ainda por terem sido cometidos por alguém investido da responsabilidade de representar uma parcela significativa da população. A teoria dos 'frutos da árvore envenenada', já abordada aqui, não se sustenta. É mais uma chicana, um apelo ao juridiquês que não pode comover os integrantes do Conselho, que devem optar pela abertura do processo de cassação.
     A única chance do ainda senador é o eventual comprometimento de seus pares com esquemas ilegais, o espírito de corpo, o toma-lá-dá-cá. O "eu absolvo hoje, para ser absolvido amanhã", facilitado pelo indigno sistema de voto secreto. Nossos representantes deveriam ser obrigados a assumir claramente seus votos e pensamentos. A proteção conferida pelo anonimato é um escárnio.

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