sexta-feira, 18 de maio de 2012

Altos e baixos

     Imaginemos a cena. O telefone toca na sala do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Do outro lado, sua chefe, aos brados, pergunta o que está sendo feito para evitar a subida do dólar e da inflação. "Mas, presidenta (ele já está seguindo a nova lei), o dólar estava muito baixo e nós decidimos intervir para frear as importações e ...". Não houve tempo para completar a frase. Dois ou três berros depois a ligação é cortada.
     Ainda abalado, o todo-poderoso ministro manda o Banco Central fazer alguma coisa - seja lá o que for - para segurar a moeda americana. "Segunda-feira a gente volta a falar e a pensar qualquer coisa".
     De longe, leigo nesses mistérios insondáveis para simples mortais, é assim que eu vejo a política econômica brasileira: movida a impulsos, decisões paliativas, berros e socos na mesa, sem rumo e norte. Não encontro uma linha mestra que aponte para o crescimento sustentado, o maior remédio para qualquer país. Há pouco mais de um mês, a desvalorização do dólar - chegou a rondar R$ 1,60 - era apontada como fatal para nosso projeto de equilíbrio.
     E o governo mexeu no mercado. Hoje, faz exatamente o contrário. É claro que o Banco Central tinha que fazer alguma coisa. Essa disparada já começava a sinalizar problemas a curtíssimo prazo. Como a queda também apontava. Entendo que há sempre a necessidade de correções eventuais. Mas no nosso caso, a eventualidade é a regra. Falta consistência e clareza.
     A maré favorável - crescimento de 10/12% da China - está refluindo e expondo nossa extrema dependência e o risco de a crise mundial nos atingir mais rapidamente do que imaginava o Governo. Inflação alta e crescimento baixo (já se fala em PIB de 2,5%) são prenúncios de problemas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário