quarta-feira, 30 de maio de 2012

O fator Delta (4)

     Nada melhor do que tal 'mídia', que a turma do Poder tenta controlar, para sacudir uma CPI criada para atingir um grupo específico (o ainda governador goiano Marconi Perillo, do PSDB, e o quase cassado senador Demóstenes Torres, do DEM) e que, de um momento para outro, transformou-se em uma ameaça real ao Governo, seus apaniguados e não-apaniguados.
     Imprensados pela torrente de informações despejada das gravações de conversas do contraventor Carlinhos Cachoeira, os senadores e deputados da Comissão foram forçados ontem a aprovar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico nacionais da Delta Construtora, a grande beneficiária do PAC, esse conjunto de letras que encerra uma enorme jogada de marketing e que mal saiu do papel, apesar dos anúncios fantasiosos, da enorme propaganda e das pilantragens com o dinheiro público, pelo que se depreende das análises realizadas pela Controladoria Geral da União.
     Já foi um enorme passo, para uma Comissão tão tímida na corrida para passar parte do país a limpo. A Delta, ficamos todos sabendo, parece estar para o PAC assim como o Banco Rural estava para o Mensalão. Por ela passariam verbas desviadas, comissões vagabundas, corrupção desenfreada e patrocínio de campanhas políticas, além de passeios pela Europa, apenas a parte mais visível desse que aparenta ser um enorme iceberg.
     A registrar, o único voto contrário à quebra dos sigilos: o do deputado paulista Cândido Vacarezzaa, do PT, é claro, aquele mesmo que foi flagrado trocando mensagens indecorosas com o governador do Rio de Janriro, Sérgio Cabral, do PMDB. É claro que ele sabia que não conseguiria evitar a catástrofe, mas não 'recuou os halfes". Continuou cumprindo a tarefa que lhe foi confiada.
     Lamentavelmente a convocação dos governadores envolvidos nas investigações, de um modo ou de outro - Marconi Perillo, Sérgio Cabral e o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal - não chegou a ser considerada. Perillo, por iniciativa própria, esteve no Congresso e se ofereceu formalente para depor. É, no mímino, um bom jogo de cena. Os outros, mal são vistos. Estão em recesso público há algum tempo.

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