quinta-feira, 31 de maio de 2012

CPI blindou Cabral, o amigo do Poder

     A convocação dos governadores Marconi Perillo (PSDB de Goiás) e Agnelo Queiroz (PT do Distrito Federal) para depor na CPI que investiga as relações ignóbeis do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos em geral, empresários e governantes deve ser comemorada, sim. Quanto mais relevante a o politico, maior deve ser a cobrança, a exigência de um comportamento digno, para que não haja o aviltamento da função pública.
     Os dois convocados - Perillo por unanimidade ... - têm muito a explicar à sociedade. Suas relações promíscuas com crimes e criminosos merecem ser investigadas e expostas sem subterfúgios. O país - antes tarde do que nunca - começa a dar sinais de indignação com as pilantragens oficiais, os atos lesivos aos cofres e caráter públicos. Afinal, a corrupção começa a nos incomodar, a alterar nosso humor, nossa relação com a vida.
     Inadmissível, portanto, que essa mesma CPI tenha livrado o governador Sérgio Cabral (PMDB) de enfrentar não apenas os membros da comissão, mas a consciência do eleitor fluminense, em especial. As imagens e falas da farra na Europa, envolvendo o governador, o presidente da Delta Construtora, Fernando Cavendish, secretários de estado, outros empresários e - paira no ar! - pelo menos um jornalista que frequentava o topo da profissão no Rio são extremamente acusatórias e remetem a um comportamento inaceitável.
     Essa promiscuidade e as revelações sobre o comportamento criminoso da Delta atingiram em cheio o ocupante principal do Palácio Guanabara, um belo monumento à arquitetura do século 19. Cabral deveria, não tenho a menor dúvida, ser obrigado a prestar contas de seus atos, de sua estreita ligação pessoal e funcional com uma empresa notoriamente envolvida em corrupção, em sobrepreços.
     Mas Cabral tem o apoio incondicional do PT e da quase totalidade do PMDB, especialmente por sua subordinação ao ex-presidente Lula, a quem - também não tenhamos dúvida - pretendia suceder, na Presidência da República, em algum momento de um futuro não muito distante. Escapou com facilidade da convocação, confirmando a essência do diálogo com o ex-líder do PT na Câmara, o paulista Cândido Vacarezza.
     Cabral teve a certeza que, mais do que nunca, entrou no rol dos amigos de fé da companheirada. Eles se merecem.

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