segunda-feira, 21 de maio de 2012

A indignação faltou ao trabalho

     Estou indignado com a falta de indignação do noticiário esportivo, em geral, com o destempero de dois técnicos do primeiríssimo escação: Vanderley Luxemburgo, do Grêmio, e Oswaldo de Oliveira, do Botafogo. Dei tempo ao tempo e ... nada. Uma referência aqui, um puxão de orelhas paterno ali. Esperava, no mínimo, a metade da ira que se abateu sobre o presidente e alguns jogadores do Vasco, pela reação destemperada ao fim da partida vencida pelo Flamengo, na Taça Rio, graças a uma atuação - digamos - 'amiga' do árbitro.
     Na época, li e reli pedidos que chegaram perto de exigir justiçamento em praça pública. Horror dos horrores, alguns atletas teriam cercado e xingado 'sua senhoria', que deixou de dar um pênalti claro quando o jogo ainda estava 1 a 1 (terminou 2 a 1 para o Flamengo que - nunca é demais ressaltar - não teve nada a ver com o favorecimento, nem com a revolta registrada no noticiário sempre que o clube é afetado, pela qual jamais precisa pagar). Roberto Dinamite, por ter reclamado da arbitragem, sem usar palavrões, foi acusado de fomentar a violência e de dar péssimo exemplo.
     Pois ontem, assisti a dois atos que, no conteúdo, foram tão ou mais graves do que os ocorridos no tal jogo do Vasco. O técnico botafoguense precisou ser contido pela polícia, tal a sua exasperação, que durou vários minutos. Expulso, chegou a ameaçar invadir o campo. O do Grêmio, não fez por menos: invadiu o gramado, cercou o juiz, xingou, blasfemou e ameaçou, de dedo em riste, a autoridade do árbitro. Também exigiu a participação policial.
     E daí? Nada. Não houve qualquer corrida às súmulas, para verificar o conteúdo, nem editoriais desabridos. O tema foi tratado com a ligeireza costumeira, quando o foco não é São Januário. Assim como a participação da exuberante gandula botafoguense no jogo decisivo da Taça Rio. É claro que o Vasco não perdeu por causa do passe que ela deu para o primeiro gol - algo claramente orientado. O Botafogo jogou melhor, quase sempre, e mereceu a vitória, sem a menor dúvida.
     A questão é outra: imaginemos a mesma cena protagonizada por um gandula do Vasco, em São Januário. No mínimo, seria exigida a interdição do estádio por prazo indeterminado. Paranoia? É só consultar os arquivos.
     PS: Já que o tema enveredou, também, por arbitragem, deixo aqui uma pergunta: para que servem esses ex-árbitros que comentam as atuações dos seus sucessores em campo? As imagens mostram, repetem e escancaram as falhas gritantes de 'suas senhorias' e os comentaristas ignoram tudo, torcem e distorcem. São uns sopradores de microfones.

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