segunda-feira, 7 de maio de 2012

Defendendo o indefensável

     O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Cláudio Lopes, continua absolutamente convicto de que não há motivos para investigar as relações entre o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o governador Sérgio Cabral. Ele, que já havia arquivado a investigação iniciada pelo Ministério Público, admite, no máximo - pelo que se depreende da entrevista publicada em Veja -, que haja algum impedimento moral.
     Ao argumentar, o procurador ressalou que o fato de o governador ter sido convidado para o jantar, bebido um "vinho caríssimo" e comido num "restaurante de luxo" não se insere na lei da improbidade "Se o jantar foi pago por alguém que o convidou, pode ser eticamente questionável, mas juridicamente, não. É a mesma coisa que alguém convidá-lo para uma festa com caviar e champanhe e, claro, ele não vai pagar nada. Mas não quer dizer que você está retribuindo aquele favor, ou que está sendo sustentado por isso", disse à Veja.
     O Brasil inteiro - 'data vênia' - discorda desses argumentos extraídos de um bolorento 'juridiquês'. As cenas expostas ao distinto público, por si só, já justificariam uma investigação, sim. O relacionamento do governador com o empresário não é 'apenas' imoral, como sugere Sua Excelência. A promiscuidade é deletéria e condenável, principalmente quando todos nós sabemos que a empresa do amigo de Cabral fechou contratos bilionários com o Governo do Estado do Rio.
     Um governador não pode se dar ao direito de folganças e intimidades com fornecedores públicos. Não tem o direito de flanar pela Europa, acompanhado por um séquito, ao lado do maior beneficiário das obras do seu governo. Interessa, sim, quem pagou as contas nababescas. Já é tempo de a política e os políticos serem passados a limpo.
     Momentos desastrosos como os que estamos vivendo - de corrupção generalizada - têm, ao menos, essa vocação: apontar os malfeitores que infestam os círculos do poder.

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