quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um vigoroso 'protesto a favor'

     A expressão não é nova, mas é perfeitamente adequada à onda de pedidos para a que a presidente (eliminei o trema dos meus textos, mas me recuso a flexionar) Dilma Rousseff vete a versão do Código Florestal aprovada pela Câmara, o que deve acontecer muito em breve. Trata-se do mais simplório e primário 'protesto a favor', carinhoso, amigo, claramente decidido a mostrar que os manifestantes confiam nela, no seu engajamento nas boas causas.
     "Veta, Dilma", pedem cartazes e manifestantes das mais variadas camadas, com a certeza de que serão atendidos, pelo menos parcialmente. Nada de pedradas ou ovadas, xingamentos, ameaças, invasões. Tudo muito gentil, como - aliás - exige a boa educação e o respeito. Máscaras amigas, shows, malabarismo e uma comovedora cumplicidade: 'Veta, Dilma".
     É claro que a presidente vai vetar alguma coisa. Não acredito que vete tudo, pois estaria, no mínimo, dizendo que seu atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo, autor do texto aprovado, na função de deputado federal pelo PCdoB, é um assassino de florestas, parceiro de fazendeiros e latifundiários, inimigo do planeta, destruidor da atmosfera, poluidor de rios e mares. Em síntese: um bem-acabado bandido.
     Mas se ele é tudo isso, como é que faz parte do Governo, no primeiríssimo escalão? E a base governista, que domina o Congresso, responsável por tudo o que é aprovado ou rejeitado? Afinal, o tal Código, como se põe, é fruto exclusivo da companheirada, de uma forma ou de outra. Assim como todos os mais relevantes escândalos registrados nos últimos nove anos partiram da turma palaciana, destaque absoluto para o Mensalão.
     Antes que alguém possa pensar que tenho algum interesse na aprovação do tal Código: meu único latifúndio é o lugar onde moro, 'infestado' de árvores e flores, todas plantadas por mim.

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