sexta-feira, 18 de maio de 2012

Indignidade e promiscuidade

     Tenho repetido, ao longo dos meus textos, uma frase que sempre me ocorre quando os personagens são nossos políticos, especialmente - e disso não tenho a menor dúvida - os que são do PT e se alinham com ele, para montar a mais deletéria 'base de apoio' aos governos dos últimos nove anos. A frase é simples e direta: não há limites para a indignidade dessa gente.
     Da extorsão pura e simples de empresas de ônibus nas cidades governadas pelo PT em São Paulo, no início dos anos 2000, à atual promiscuidade das relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e empresas por ele dominadas, passando pelo Mensalão, o maior assalto aos cofres públicos nacionais de toda a história republicana brasileira.
     Os fatos estão aí, à disposição de quem se propõe a avaliá-los com independência. Nunca na história desse país tantos líderes políticos, ministros e funcionários dos primeiros escalões estiveram envolvidos em escândalos, desvios de verbas, chantagens e falsificações. Os últimos nove anos e meio vêm sendo marcados pelo comportamento mais indecente, pela desfaçatez mais absoluta, pelo aparelhamento do Estado, pelo avanço no dinheiro público.
     As relações escusas surgem a todo momento envolvendo a nata do Poder. Ministros, como Fernando Pimentel, do Desenvolvimento e muitas outras coisas mais, que ainda não explicou os ganhos com palestras que jamais foram proferidas e afunda em novas denúncias sobre suas estreitas e nebulosas relações com empresários. Soubemos, agora, que o ínclito ex-prefeito de Belo Horizonte (do PT, é claro) andou pegando carona em avião fretado por um empresário, quando já era ministro.
     Ontem, graças à perspicácia de um repórter cinematográfico do SBT, fomos brindados com a troca de mensagens entre o ex-líder do Governo na Câmara, o petista paulista Cândido Vaccarezza, e o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB, aliado de toda a hora do Governo e atirado ao centro das calamitosas relações oficiais com a empreiteira Delta, a queridinha do PAC e de nove entre dez governos das Regiões Centro-Oeste e Sudeste.
     Vaccarezza, um dos homens de confiança do ex-presidente Lula, o mentor 'intelectual' da CPI (não poderia dar certo, com essa sumidade mexendo os cordeis), diz a Cabral - com aquela linguagem típica do petismo - que ele não precisa se preocupar, "você é nosso e nós somos teu".
     Estava, assim, sacramentada a vigarice que excluiu Sérgio Cabral e outros governadores - entre eles o goiano Marconi Perillo, do PSDB - do risco da quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico. No mesmo pacote de venialidades, foram blindados a Delta nacional e seu presidente, Fernando Cavendish, amigo pessoal (ex-amigo, pelo que sugerem os fatos mais recentes) do governador fluminense.
     Como pano de fundo, a enorme preocupação em afastar as investigações do Governo, envolvido até a medula com a Delta, a grande tocadora das obras do PAC, esse pacote marqueteiro inventado pelos ideólogos do Planalto e que nada mais é do que a reunião de obrigações de qualquer governo. Com uma diferença crucial: são obras - como apontam relatórios da CGU - superfaturadas em até 350%.
     Eles se merecem, mesmo.

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