quarta-feira, 4 de maio de 2011

Uma página de horrores

     A página 12 de O Globo de hoje, quarta-feira, 4 de maio, embora tenha a rubrica de País, poderia ter sido publicada em uma eventual seção policial. A começar pela manchete, sugestiva e clara: "Dirceu ameaçou se lançar à presidência do PT". A ameaça, explica o texto do repórter Gerson Camarotti, teria sido uma reação à presidente Dilma Roussef e ao seu antecessor no Palácio do Planalto, que queriam ver o senador Humberto Costa (PT-PE) na direção do seu partido, na vaga aberta com a renúncia de José Eduardo Dutra.
     Dirceu, o chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos para financiar comparsas do PT e de partidos amigos, no episódio do mensalão - segundo o Procurador-Geral da República -, venceu e duelo e conseguiu emplacar o paulista e amigo Ruy Falcão (acusado de envolvimento na produção de dossiês falsos contra o então candidato José Serra) na presidência da 'agremiação'.
     Ao lado do texto principal, outro exemplar dos infortúnios desse país: o vice-presidente da CUT, José Lopes Feijóo, ganhou de presente (certamente pela extrema candura com que a Central trata o Governo) uma assessoria na Secretaria Geral da Presidência República, comandada por Gilberto Carvalho, o ex-seminarista envolvido de alguma maneira - a julgar por denúncias públicas - na morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, e no transporte de propina paga por empresas de ônibus ao PT.
     Não fosse suficiente, a segunda força da página revela, literalmente, que "família Lula não devolve passaportes", numa referência aos documentos entregues ilegalmente a quatro filhos e três netos do ex-presidente. No texto, mais uma evidência do uso criminoso do poder: o Ministério Público avaliara 328 passaportes diplomáticos concedidos pelo Itamaraty e concluíra que somente os sete eram irregulares.
     Para terminar esse roteiro de horrores, a notícia que o Supremo Tribunal Federal dera ganho de causa a Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), na sua luta para assumir uma vaga no Senado, perdida em função da aplicação da Lei da Ficha Limpa. Cassio fora cassado pelo TSE paraibano, em 2008, quando era governador do estado, por "abuso do poder econômico".
     Foi, sem dúvida, uma edição histórica, por representar bem o momento político brasileiro.

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