segunda-feira, 9 de maio de 2011

O caos na saúde

     Fiquei me perguntando se o entrevistado de domingo no Mannhatan Connection (Globo News, domingos, às 23 horas), um médico e grande executivo do setor de saúde, vive mesmo no Brasil. Segundo ele, praticamente sem contestação, o Sistema Unificado de Saúde é um sucesso. Mesmo sem verbas suficientes, atende - de acordo com o especialista - 150 milhões de pessoas, contra 45 milhões servidas pelos planos de saúde.
     E, a partir dessa constatação, o engravatado doutor ignorou fatos, relatos, imagens e experiências. Não disse - nem foi perguntado - uma palavra sobre as filas quilométricas, os pacientes deitados no chão dos hospitais, a falta de médicos e medicamentos, a espera por consultas e cirurgias. Enfim, silenciou sobre o caos.
     Críticas, mesmo, só ao que ele classifica de falta de repasse dos planos de saúde pelo atendimento prestado aos segurados, na rede do SUS. Mais ou menos o seguinte:  uma  pessoa que tem um plano de saúde particular - pelo qual paga, e muito caro -, sofre um acidente e é levada para um hospital público, onde é atendida na emergência. De acordo com o especialista, esse atendimento deveria ser cobrado ao plano de saúde.
     Como se o SUS não fosse mantido, também, pelo dinheiro de todos os acidentados, tenham eles plano particular, ou não. Na verdade, todos os que pagam planos de saúde particulares pagam, também, pelo sistema público, o que configura uma taxação dobrada, uma exigência extorsiva que poderia ser traduzida de maneira simples: se você não quiser ficar jogado no chão de um hospital infecto, apesar de toda a carga tributária (uma das maiores do mundo) trate de pagar pelo serviço particular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário