quinta-feira, 19 de maio de 2011

Negar, sempre, até o fim

     Governo, entidades e personagens vêm seguindo à risca - no escândalo que envolve o enriquecimento galopante do ministro da casa Civil, Antônio Palocci - o manual petista usado nos casos de crise, denúncias, dinheiro na cueca, distribuição de 'recursos não contabilizados' e outros comportamentos 'não republicanos' afins: negar, negar sempre, até o fim, mesmo que confrontados com as provas mais escandalosas, com as evidências mais desabonadoras. Exatamente o que fez, com sucesso absoluto, o ex-presidente Lula.
     Paralelamente, o manual - a prevalecer o histórico - recomenda acusar a oposição de estar fazendo ... política. É isso mesmo. Os políticos da oposição vêm sendo acusados de usar politicamente o milagre da multiplicação do 'patrimônio palocciano'. Logo essa oposição cordata e desfibrada, incapaz de assumir o papel que lhe cabe, como em qualquer democracia.
     Essa tática diversionista vem sendo empregada ao extremo em todos os casos policiais que envolvem a história mais recente do PT. Do ainda nebuloso assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, ao caso Palocci, passando pelo mensalão, a mãe de todos os escândalos. O segredo, a fórmula mágica da impunidade - mostram os resultados práticos provenientes das denúncias - é negar, postergar, explorar o aparelhamento das instituições e apostar na falta de discernimento e memória da população brasileira.
     A receita vem dando certo. Todos os principais personagens de todos os escândalos da chamada 'era petista' estão por aí, renascidos, mais fortes do que nunca. Do prosaico ex-seminarista e ministro Gilberto Carvalho (aquele que se prontificou a morrer por Lula), apontado pela Justiça como 'carregador' da propina extraída de empresas de ônibus de Santo André (num fusquinha amarelo), ao medíocre  Delúbio Soares, o tesoureiro do mensalão.
     José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genuíno são outros exemplos estelares de sobrevivência às catástrofes comportamentais e ideológicas. O próprio ministro Palocci parecia ter sucumbido à quebra de sigilo do simplório caseiro que ousou confrontá-lo, ao afirmar que o vira diversas vezes em uma casa bem tolerante situada às margens do Lago Paranoá, em Brasília.
     A sorte - acho que podemos chamar assim - das instituições é que quase sempre há um descontente no grupo do poder. Alguém preterido, magoado, disposto a vazar notícias, como a a mais recente, envolvendo o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Fazenda, velho feudo de Palocci. Pois vem de lá a última informação: os imóveis milionários (escritório e apartamento) foram comprados pelo ministro em uma operação financeira suspeita.
     Ninguém foi preso, ou demitido, ainda.

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