sábado, 28 de maio de 2011

Reféns dos 'subalternos'

     O Governo e o PT ainda estão grogues. O golpe inesperado, com os efeitos de um cruzado no fígado, deixou os dois na lona, rezando para o juiz demorar muito na contagem. Acostumadas à histórica postura subserviente do PMDB, seu maior aliado nos últimos anos, as cabeças pensantes dos seguidores de Lula foram surpreendidos pela inesperada determinação (?) do partido de José Sarney, do vice Michel Temer e de Renan Calheiros, entre outros.
     Logo o PMDB, reconhecidamente o grupo menos propenso a embates, exceto os destinados aos preenchimento de cargos em todos os escalões. Foi como se o partido do senador Romero Jucá, de um momento para o outro, tivesse descoberto uma verdade eterna, que não desperta o menor respeito no 'aliado', que é apenas usado no projeto petista, para garantir espaço nas campanhas eleitorais, vitórias nas votações e o acobertamento de atos criminosos do pessoal ligado ao Planalto. Em síntese: o sapo que se tem que engolir, uma turma subalterna com a qual o PT é obrigado a conviver, em prol do objetivo maior.
     A divergência em torno da aprovação do Código Florestal, nesse contexto, foi apenas o deflagrador, especialmente por que - na verdade - ela não existia. A imensa maioria de votos, incluindo os do PT, mostra que havia, sim, um consenso - e não vou entrar, nesse momento, no mérito do projeto.
     A reação governamental ao que a sua base aprovou, teve, sim, o dedo do marketing. A avaliar o sentimento da população e as expectativas da mídia em geral, o Palácio do Planalto tentou posar, como de hábito, como traído. "Nós somos contra os desmatadores, os mocinhos", procuraram bradar a presidente e seus garotos de recado. "Eles são os maus, os bandidos".
     Dessa vez, a fantasia não colou. À ameaça de cortes na cota de cargos, o PMDB acenou com a aprovação da convocação dos ministros Antonio Palocci e Fernando Hadad para prestarem esclarecimentos sobre determinados comportamentos não-republicanos. A presidente Dilma e o PT, ao que parece, esqueceram que não têm a capacidade de manipulação dos fatos exibida pelo ex-presidente Lula. De arrogantes, passaram a reféns.

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