Pequeno povoado, à beira do rio, com destaque para casa de orações
Segunda - 26/07/99 - A Amazônia começa a mostrar suas feridas
Rio Madeira, nas proximidades da cidade de Borba, Amazonas (19h48) - O Rio Madeira mudou. Ficou mais largo, mais fundo mais vigoroso. Mudou, também, a paisagem. O paredão de arvores já não é tão fechado. As margens, a partir desse terceiro dia de navegação, mostram rasgões, ocupados por casas humildes, choupanas, na verdade. O isolamento que marcou especialmente o segundo dia de viagem já não é tão acentuado. Afinal, estamos próximos (em termos amazônicos, é claro) de Manaus. Mais uns trezentos quilômetros e iremos aportar em Manaus.
A tripulação acredita que levaremos, no máximo, mais um dia e meio. Com sorte, chegaremos com luz suficiente para registrar o encontro das águas dos rios Solimões e Negro, no nascedouro do Amazonas.
As canoas, conduzidas por crianças, abordam a balsa
A partir do inicio da tarde nosso comboio começou a ser alvejado por pequenas embarcações, canoas equipadas com motores de popa bem simples. Como se fossem flechas, elas partem das margens, céleres, e grudam nas balsas e no rebocador. Seus ocupantes, quase todos meninos, apregoam suas mercadorias: peixes variados, recém-pescados; cachos de bananas; carne de caça, invariavelmente porcos selvagens; e aipim.
Sem constrangimento, pratica-se o escambo (troca de mercadorias, sem uso de moeda), forma de comércio que funciona, de fato, por essa região. Os tripulantes do N/M XXVI contam que muitos canoeiros oferecem, também, os 'serviços' de meninas. A prostituição, nós sabemos, é um dos tumores da Amazônia.
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