sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um torcedor à moda antiga

     Redescobri, quarta-feira à noite, depois da vitória do Vasco sobre o Avaí (2 a 0), que -parodiando Roberto Carlos, o Rei, não o lateral-esquerdo - eu sou um torcedor à moda antiga, do tipo que ainda se emociona com declarações de amor ao clube, especialmente quando partem de jogadores.
     Talvez por que o desabafo do zagueiro Dedé, um menino de 22 anos, tenha me parecido tão sincero, tão convincente. Em meio às comemorações pela classificação à fase final da Copa do Brasil, Dedé falou à TV Globo da sua emoção a cada vez que veste a camisa do Vasco, da paixão que descobriu sentir pelo clube. Foi uma fala espontânea, solta, olhando nos olhos dos milhões de torcedores que comemoravam em suas casas, por todo o país.
     Dedé transmitiu sentimentos - pelo menos para mim - que nada têm a ver com os ensaiados beijos nos escudo que se tornaram obrigatórios a cada assinatura de contrato, exigências das torcidas organizadas. Escutando as declarações de um dos melhores zagueiros do país, me remeti à minha infância, quando sonhava jogar pelo Vasco, fazer gols decisivos, festejar conquistas. E chorar nas derrotas.
     Um sonho que sucumbiu rapidamente à minha absoluta falta do talento necessário aos atletas profissionais. Deficiência técnica que não me impediu, no entanto - e quero deixar registrado - de exercer uma longa e, por vezes, bem-sucedida trajetória, primeiro, de peladeiro nos campos suburbanos; depois, de artilheiro quase imbatível no antigo futebol de salão (modéstia à parte).
     Prevaleceu, para além do sonho, entretanto, a paixão que me faz desculpar, ainda hoje, até mesmo um eventual gol contra em uma partida decisiva, se feito por um atleta sabidamente torcedor, que vai sofrer não apenas como 'um-profissional-do-futebol', mas como o menino que economiza a mesada para comprar noventa minutos de emoção num estádio.

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