domingo, 22 de maio de 2011

Aventureiro, só Santo Antônio





A pracinha: calçamento de paralelepípedos e bem conservada

  Santo Antonio do Aventureiro é uma cidadezinha da Zona da Mata de Minas, com pouco mais de quatro mil habitantes. Fica perto de Além Paraíba, a algo em torno de 200 quilômetros do Rio. O centro do município tem alguns casarões preservados, plantados em ruas de paralelepípedos. A igreja fica no alto de uma pequena elevação, circundada por uma pracinha bem-conservada.
     Foi por lá que eu passei algumas boas horas dos últimos dois dias (sexta e sábado), acompanhando um velho amigo que resolveu comprar um pedaço de terra naquela lonjura. Um sítio repleto de bananeiras e laranjeiras, jaboticabeiras, mangueiras e outras eiras, com direito a um riacho pedregoso, de águas claras, atravessando toda a propriedade, e vôos de tucanos. É lá que esse meu amigo pretende gastar suas horas lazer, fazer uma boa horta, criar algumas galinhas e - quem sabe? - uns três cavalos para oferecer passeios aos que por lá aparecerem.

Na estradinha de acesso a Aventureiro, a cachoeira, uma das marcas da cidade

     Foram quase dois dias longe do noticiário. É bem verdade que, nas horas de estrada, a política volta e meia (ou de curva em curva) surgia na conversa, mas perdia espaço rapidamente para os comentários sobre a bela paisagem da serra.

Um dos casarões do Aventureiro, o município, que fique bem claro

     A realidade, no entanto, voltou imediatamente ao abrir o jornais que o entregador deixara pendurado no portão. Como era de se esperar, novas denúcias envolvendo o ministro da Casa Civil, outro Antonio, o Palocci. Na Folha, a revelação de que sua 'empresa' de consultoria, a Projeto, faturara a nada desprezível soma de R$ 20 milhões somente no ano passado. É um enorme sucesso, pois trata-se de uma empresa de uma pessoa, de fato (ele detém 99,9% das ações). O sócio original era a esposa do ministro, que saiu para dar lugar a um jovem economista que mora em Nova Iorque.
     Para aumentar o - digamos - desconforto do mais bem-sucedido consultor da história recente do país, o procurador-geral da República sugeria ao ministro que divulgasse a relação de clientes, para dar mais transparência ao fato. Até agora, nada transpareceu. Palocci continua entocado, saindo pelas portas dos fundos dos edifícios, usando porta-vozes para distribuir notas nas quais ninguém acredita. Paralelamente, sua chefe, a presidente da República, mantém um conveniente silêncio sobre o assunto. Na pior das hipóteses, a resposta já deve estar na ponta da língua: "Eu não sabia".
     Os demais petistas de carteirinha ainda cometem algumas tentativas de defesa do indefensável, sob os mais variados e deploráveis argumentos, numa cantilena que remete aos muitos escândalos que vêm marcando a 'era Lula'. Uma era que não fechou em oito anos. Ao contrário, ampliou-se com a eleição de Dilma Roussef e com o adesismo de mais e mais siglas 'sem muito conteúdo ideológico' (estou usando um eufemismo, sim).
     Aventureiro por aventureiro, Antônio por Antônio, quero deixar gravada minha opção pelo lugarejo. Um lugar fisicamente limpo, com gente amável e certamente honesta.

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