sexta-feira, 27 de maio de 2011

O importante é saber de onde saiu o dinheiro

 
     A manchete da página de O Globo ("Ministério Público abre investigação sobre enriquecimento de Palocci") pode - e deve - ter duas interpretações, especialmente se ligada ao complemento, o subtítulo: "Procuradores querem saber se aumento de patrimônio é compatível com que a empresa dele, a Projeto, obteve com contratos".
     À primeira vista, parece que, afinal, o pudor começa a conquistar algum espaço em Brasília. Foram necessárias duas semanas para que representantes da Justiça, em tese, começassem a pensar que alguma coisa não andava bem, não batia. Afinal, o atual ministro da Casa Civil, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal acabara de ficar milionário prestando 'consultoria'.
     Milionário, mesmo. Daqueles que ganham R$ 20 milhões em dois meses, o equivalente a uma 'dízima periódica' diária de R$ 333.333,33. Sem falar na compra dos imóveis (o tal apartamento de R$ 6,6 milhões no bairro mais 'reacionário' de São Paulo e o escritório de quase R$ 900 mil).
     O problema está nas entrelinhas. Saber se o espetacular aumento de patrimônio do ministro Antonio Palocci é compatível com a receita da sua empresa não quer dizer, absolutamente, nada. A questão está 'na' receita em si, em como foi obtida, de onde saiu, quem pagou pelos - digamos - serviços especiais de consultoria. E quanto. Simples assim.
     Eu, por exemplo, não tenho a menor dúvida que o aumento patrimonial do senhor Luis Fernando da Costa era totalmente compatível com a receita de seu trabalho. Só que o dinheiro desse senhor - mais conhecido como 'Fernandinho Beira-Mar' - vinha de atividades ilícitas. E por isso ele está preso.

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