sábado, 7 de maio de 2011

Uma aventura caribenha - Capítulo 16

Um 'teypu', monumento natural e símbolo da Grande Savana


Sexta-feira - 30/07/99 - Golpe de Estado na Expedição 

     Santa Elena de Uairén, Venezuela (12h14) - Finalmente chegamos à fronteira, depois de atravessar parte do Pantanal Mato-Grossense e da Amazônia. Na chegada, uma quase surpresa: o embaixador brasileiro na Venezuela, Ruy Nogueira, no cargo há três meses, estava nos esperando (ao lado do vice-cônsul brasileiro na cidade, Rubens, e de seu filho, Igor) e decidido a participar dessa terceira etapa da viagem.
     Ficamos sabendo, naquele momento, que nosso programa até Caracas já estava traçado. Faríamos duas paradas para fotografias e pernoitaríamos em Ciudad Bolivar, onde um jantar árabe já estaria nos esperando. Dito isso, ordenou a partida. Para mim, ficou claro que havia um evidente golpe de estado e que nosso embaixador - bem ao seu estilo - assumira o comando da expedição.
     Para que não houvesse a menor dúvida de quem estava liderando, Ruy Nogueira assumiu  a função de navegador de uma das picapes e o rádio de comunicação entre os veículos, passando a dar informações sobre o trajeto, características do país, geologia. Quando acabamos de cruzar a Grande Savana, já éramos experts em Venezuela.
     A Grande Savana, primeiro contato com esse país vizinho, é um monumento mundial de 15 mil quilômetros quadrados localizado entre 900 e 1.400 metros acima do nível do mar, marcado pela presença dos belíssimos tepuys (platôs), montanhas que remontam aos primeiros momentos do nosso planeta e praticamente únicas no mundo. É nesses tepuys que nascem os transparentes rios que cortam toda a Grande Savana.
     Há, ainda, cachoeiras e quedas d'água que transformam o lugar num destino turístico inigualável. Deixamos a Grande Savana para trás e mergulhamos no interior do país, atravessando dezenas de lugarejos e tomando contato com um dos detalhes que mais nos impressionaram: a deterioração da frota Venezuela, formada, basicamente, por modelos americanos da década de 60. Mas isso será tema de outro texto.

Uma visão geral da estrada que corta parte da Grande Savana

     A chuva, algumas paradas para fotos e a lentidão do tráfego nas pequenas cidades provocaram um inesperado atraso nos nossos (do embaixador) planos. No final da noite, ainda a caminho de Ciudad Bolivar, decidimos (o embaixador decidiu) parar para um lanche. Na falta de melhor lugar, estacionamos num posto de combustível e improvisamos uma refeição na tampa da caçamba de um dos veículos: sanduíches preparados pela mulher do vice-cônsul brasileiro e sobras dos mantimentos que usamos na travessia do Rio Madeira, regados a guaraná quente. Foi, certamente, a primeira vez que um embaixador, na função, participou de uma refeição assim. E o que é pior, gostou.

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