terça-feira, 17 de maio de 2011

Personagens de uma pobre república

     O jornal O Estado de São Paulo, no dia 23 de outubro do ano passado, publicou com destaque a reportagem que tomo a liberdade de relembrar. Vale a pena ler, até para conhecer melhor alguns personagens da política nacional. Na época, o assunto foi tratado - pelos marqueteiros oficiais - como se fizesse parte da campanha eleitoral da oposição, e não teve a repercussão que seria normal, num país mais crítico e informado.
     Retomo o tema, hoje, em função das últimas notícias envolvendo o ministro Antônio Palocci, que registrou um fabuloso crescimento patrimonial ainda não explicado devidamente. Além dos deputados e senadores de plantão, coube ao ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, assumir os microfones, sair em defesa do companheiro de partido e de governo e dar o assunto por encerrado.
     Se estivéssemos em um daqueles julgamentos de série de tevê, o promotor mais inexperiente não teria o menor trabalho em transformar a participação de Gilberto Carvalho na defesa de Palocci em mais um elemento de acusação. Bastaria ler os trechos abaixo, dos repórteres Ana Paula Scinocca e Leandro Colon, sobre um dos cadáveres ainda insepultos da história do PT. Vamos a eles, mantidos os cargos ocupados na época:
     "Uma decisão da Justiça traz de volta um fantasma que acompanha o PT e transforma em réu o partido e o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. O assessor e o PT viraram réus num processo em que são acusados de participar de uma quadrilha que cobrava propina de empresas de transporte na Prefeitura de Santo André para desviar R$ 5,3 milhões dos cofres públicos. O esquema seria o precursor do mensalão petista no governo federal.
     Na segunda-feira, a Justiça tomou uma decisão que abre de vez o processo contra os envolvidos. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou recursos protelatórios e confirmou despacho em que aceita denúncia contra Carvalho, o próprio partido, outras cinco pessoas e uma empresa. A juíza entendeu, no primeiro despacho, em 23 de julho deste ano, que há elementos suficientes para processá-los por terem, segundo a denúncia, montado um esquema de corrupção para abastecer o PT. “Há indícios bastantes que autorizam a apuração da verdade dos fatos por meio da ação de improbidade administrativa”, disse.
     Segundo a ação, o assessor de Lula transportava a propina para o comando do PT quando era secretário de governo do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. “Ele concorreu de qualquer maneira para a prática dos atos de improbidade administrativa na medida em que transportava o dinheiro (propina) arrecadado em Santo André para o Partido dos Trabalhadores”, diz a denúncia aceita pela Justiça. De acordo com a investigação, os recursos eram entregues ao então presidente do PT, José Dirceu."


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