terça-feira, 31 de maio de 2011

Teatro barato

     O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, mostra que segue à risca os mandamentos do seu partido para fugir das explicações do inexplicável. O primeiro deles é a negação, mesmo que os dólares estejam saindo da cueca, ou que alguém tenha sido filmado recebendo propinas no caixa de um banco amigo. Negar até o fim, contando - como já disse aqui algumas vezes - com o esgotamento natural da notícia (há sempre a possibilidade de um terremoto no Japão ou o estupro de uma camareira), com a cumplicidade dos jornalistas companheiros e com a enorme falta de informação e politização da sociedade.
      Segundo a repórter Vera Rosa, do jornal O Estado de S. Paulo, Palocci já definiu o roteiro do que o Governo espera ser o terceiro e último ato da comédia pastelão que vem sendo protagonizada por ele e pelo Palácio do Planalto, conivente com mais um dos escândalos envolvendo altos personagens da República.
     O ministro só estaria esperando o procurador-geral dizer que não há nada de errado em alguém ficar milionário de um dia para outro, fazendo consultoria, para dar uma esclarecedora e definitiva entrevista a uma tevê de grande audiência, depois de quase 20 dias refugiado, escondido, saindo pela porta dos fundos do Palácio.
     Não há como o script dar errado. O procurador, de fato, está analisando atos desabonadores realizados pelo ministro, enquanto ministro, como se alguém estivesse discutindo isso. Eles sabem que não é esse o caso. Nunca foi. O estupendo aumento de renda do atual ministro ocorreu antes de ele voltar de fato ao primeiro escalão, quando era deputado federal (PT-SP) e, a partir de junho do ano passado, coordenador da campanha da presidente Dilma Roussef.
     A questão está em saber que tipo de consultoria o então deputado em atividade e, por coincidência, ex-ministro da Fazenda, prestou nos últimos quatro anos. Quais foram os clientes. Que tipo de 'aconselhamento' foi prestado, e em que situações. Tudo o mais é apenas encenação. E da pior qualidade.

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