quinta-feira, 15 de março de 2012

Unidos na indignidade

     Não há dignidade no mundo da política, como ela é exercida no Brasil. Os exemplos desabam na nossa frente a todo momento, envolvendo desde o vereador do menor município aos reis e rainhas do Planalto, num processo que atropela ideologias (se é que elas existem) e aproximam adversários (?), num abraço quase sempre inescrupuloso, como o que estamos assistindo agora.
     A foto publicada pelo O Globo, reunindo as lideranças mais expressivas de duas dezenas de partidos, é uma prova insofismável de que todos são iguais quando enfrentam a lei. Estão todos juntos - PT, PSDB, PR, PRB, DEM etc -, unidos no mesmo propósito: derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que impede a candidatura de políticos que tiveram contal eleitorais rejeitadas.
     É isso mesmo: eles querem que gente que usou 'caixa 2', desviou dinheiro, mentiu ao prestar contas, adulterou notas fiscais e comprou votos possa se candidatar este ano, sob a alegação de que a mudança só poderia valer a partir do ano que vem. O argumento básico não poderia ser menos decente: não era preciso apresentar a aprovação das contas. Algo parecido como a presunção de inocência, até prova em contrário.
     Em tese, seria algo a considerar. No caso específico, não. Aos postulantes a cargo político deve ser exigida, sim, a maior transparência. E esse foi o entendimento do TSE. Eles - os candidatos a candidatos - devem provar, sim, que são honestos, como se fossem mulheres de César. É o mínimo que se pode exigir de alguém que pleitea o voto, a aclamação.
     Já passamos, há muito tempo, da hora de fechar os olhos a delitos cometidos especialmente por nossos representantes. Essa vergonhosa união em torno da mesma proposição serve apenas para descreditar ainda mais a política e nossos políticos, sempre dispostos a dar as mãos quando seus interesses mais mesquinhos estão em jogo.

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