sexta-feira, 23 de março de 2012

A assunção de Maia

     É uma assunção meramente formal, eu sei. Algo totalmente dispensável, que atende apenas à Constituição. Mas o Brasil merecia não ficar exposto dessa maneira, mais uma vez. Com as viagens da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, a presidência da República será ocupada pelo deputado Marco Maia, presidente da Câmara e um dos articuladores de todas as 'negociações' sugeridas pelo Governo.
     E ele já disse, segundo nos contam os jornais, que vai manter as articulações durante o período de interinidade, entre elas o acerto para a aprovação da Lei Geral da Copa, que pretende amainar a 'sede' da Fifa, com a liberação ilegal da venda de bebidas aloólicas nos estádios durante os jogos do Mundial.
     A mesma Lei - e a venda de bebidas tem praticamente monopolizado as discussões - vai possibilitar, também, um eventual vale-tudo na reta final das obras necessárias à competição, pois o empenho de verbas não estará sujeito à prévia tomada de preços.
     Certamente não ficará bem para o país saber que seu presidente - mesmo um tapa-buraco - estará envolvido em temas menores, sujeitos a interpretações diferentes. Marco Maia é deputado federal pelo PT gaúcho e teve seu nome citado, ano passado, entre os beneficiários de caronas em um avião da Unimed.
     Por falar em avião. Essa interidade de Marco Maia me lembrou outra, que envergonhou muita gente. Estávamos em 1989 e o então presidente José Sarney viajou e passou o cargo para o presidente da Câmara, deputado Paes de Andrade, que acreditou no poder e transferiu a sede da República para sua cidade natal, Mombaça, no Ceará. Juntou ministros e assessores em um avião Búfalo, da Força Aérea, e lá se foi. Por alguns dias, Mombaça foi o centro das decisões nacionais.

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