quinta-feira, 22 de março de 2012

Ministro supera até Lula

     Quando escrevi o texto anterior, sobre as 'afirmações' do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não tinha visto e ouvido, a cores e com alta definição de som, sua entrevista sobre a votação da Lei Geral da Copa, em especial no que se refere à liberação da venda de bebidas alcoólicas nos jogos, proibida em praticamente todo o país, a bem da paz e da segurança dos torcedores. Pelo que havia lido - uma bobajada, como de hábito -, já estava achando que o o ministro talvez tivesse se servido de algum aperitivo antes de falar com os repórteres. Mas foi muito pior.
     Há alguns minutos, tive o desprazer de ver e ouvir seu pensamento por completo, na GloboNews. O pensamento de um dos próceres da nossa pobre República. Um político que se apresentava como alguém sério, embora preso a uma ideologia que foi pelo esgoto da história há algum tempo, empurrada pelos escombros da União Soviética. Depois de escutar sua excelência defender a mudança na lei brasileira para atender aos interesses financeiros de uma entidade particular, a Fifa, concluí que de onde menos se espera - o Governo, como um todo - não pode vir nada de bom, mesmo.
     Pois Aldo Rebelo, com um mal-disfarçado sorrisinho no canto da boca, comparou a leniência com a venda ilegal de bebidas com a autorização que os pilotos de Fórmula 1 têm para ultrapassar os limites de velocidade do nosso Código de Trânsito. É isso mesmo. Ele disse isso e sorriu, vitorioso. Não vi, mas certamente seu assessor direto para diversionismo - o gênio que teve essa luz -, deve ter tido esgares de prazer. Às vezes, eu mesmo fico na dúvida se não estou exagerando, se ouvi direito. Nesse caso, não há a menor dúvida: o ministro nos tratou como imbecis, sem o menor respeito.
     Todos nós temos ouvido barbaridades ao longo dos últimos anos - não podemos esquecer que tivemos oito anos de Lula e já temos 14 meses de governo Dilma Rousseff . Mas nunca - exceto no episódio da declaração de amor do ex-ministro Carlos Lupi à presidente da República - eu senti tanto desprezo pela população. O ex-presidente dizia lá suas lulices, mas quase sempre por desconhecimento dos fatos, da história, por falta de uma educação mais formal, menos empírica e sujeita a interpretações sopradas ao pé do ouvido.
     Nesse caso, não. O ministro Aldo Rebelo chegou muito perto do limite tolerável, até mesmo para um personagem da base política do atual governo. Se houvesse um ranking de afirmações deletérias, ele e sua comparação estariam lá no topo, brigando pelo título.

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