sábado, 10 de março de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (41)

     Júlia e a tia

     Júlia, em muitos e recorrentes momentos, nos lembra a mãe, Flávia. As duas viveram os primeiros quatro anos como únicas para pais, avós, tios e padrinhos. Não havia 'concorrência'. Talvez pelo convívio com adultos, Flávia sempre mostrou muito amadurecimento e um jeito que - vemos hoje - é muito semelhante ao da filha. Chamava a todos pelo nome: eu era o Marco; a mãe, Isis; e assim por diante.
     Isso só mudou depois do nascimento da irmã, Fabiana, especialmente quando ela começou a falar. Foi só então que passamos a ser pai, mãe, vovô, vovó etc.
     Júlia herdou um pouco dessa - digamos - informalidade. Chama a quase todos pelo nome: professoras, mães e pais de amigos. Pais e avós sempre foram as exceções, naturalmente. No vocabulário dela - e de Pedro, como no da mãe e da tia - jamais houve a expressão 'senhor', ou 'senhora'. Todos são "você".
     Fazia o mesmo com a tia. O tempo todo, desde que começou a falar, era "Fabiana". Em certa ocasião (ela tinha algo em torno de três anos), a tia tentou mudar essa relação. Ao ser chamada pelo nome, para alguma coisa da qual já não me lembro, retrucou, em tom de brincadeira, mas querendo:
     - Tia Fabiana!!!.
     Júlia ignorou, e insistiu: "Fabiana".
     E novamente ouviu a ressalva: "Tia Fabiana".
     A resposta daquele pingo de gente foi uma das mais engraçadas, apropriadas e inesperadas, em função da sua idade:
     - Fabiana, deixa de bobeira ...

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