quarta-feira, 21 de março de 2012

Senador defende o indefensável

     O senador Ivo Cassol, do PR de Roraima (nesse caso, divulgar o nome do personagem é importante), manifestando o sentimento de seus pares (são 81 senadores), disse, a O Globo, que não acha justo que suas excelências percam o 14º e o 15º salário que recebem. "Ganhamos pouco", argumentou. Esse pouco é um salário de R$ 27 mil, mais todas as dezenas de vantagens, como passagens aéras, auxílio moradia, plano de saúde eterno, férias em dobro, carro, motorista, três dias de trabalho efetivo por semana e o direito de contratar um séquito de auxiliares. Segundo o mesmo jornal, cada senador nos custa algo em torno de R$ 170 mil por mês.
     Admito minha ignorância. Embora soubesse que nossos políticos estão entre os mais bem pagos do mundo - Brasil!!!!! -, não havia percebido que eles ganham dois salários a mais do que todos os trabalhadores brasileiros decentes. É verdade que as grandes empresas, em especial, há alguns anos adotam o critério de distribuição de lucros entre os funcionários que cumprem as metas pré-estabelecidas, gerando, em alguns casos, até seis, oito salários a mais.
     Mas estamos falando de empresas particulares, que têm livre arbítrio sobre o seu dinheiro e que 'socializam' o lucro. Não é, definitivamente, o caso do nosso país, sempre às voltas com desajustes econômicos, sem recursos para investir em infraestrutura, saneamento básico, educação de qualidade, segurança e tudo o mais em que somos carentes. E somos carentes. Basta dar uma volta pelas grandes cidades para verificar a legião de miseráveis e abandonados.
     O acinte do tal senador, porta-voz desses representantes da iniquidade em que se transformou a política nacional, transcende. Com seus argumentos, presta um enorme desserviço à democracia, pelo que desmoraliza o Poder Legislativo, já tão mediocrizado e repudiado pela população.
    Antes que eu esqueça: o assunto veio a público quando o citado senador pediu 'vista' do projeto que está sendo estudado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e que pretende acabar com essa regalia.
     Em um ponto, no entanto, sou obrigado a concordar com Sua Excelência. Ao defender esse extra, exigiu que os colegas que votarem contra o pagamento devolvam tudo o que receberam.

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