quinta-feira, 8 de março de 2012

PMDB canta Titãs

     O recentíssimo episódio da rejeição, pelo Senado, do nome indicado pela presidente Dilma Rousseff para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostra muito mais do que uma simples 'insatisfação' da base governista, como vem sendo apresentado. Foi um recado claro e direto especialmente do PMDB, em cujas entranhas há um indesmentível movimento de embate com o protagonismo do PT, em especial.
     Sem o PMDB - e o Governo sabe bem disso -, seria difícil fazer andar o processo administrativo. E o partido acredita que chegou a hora de mostrar sua força, levando-se em conta, ainda, que vivemos um ano eleitoral no qual está em jogo, também, a disputa de 2014. O PMDB quer mais, muito mais do que tem.
     Quer maior participação no governo - participação efetiva, não apenas decorativa -, tratamento diferenciado para as emendas de seus deputados e senadores, interlocução e, principalmente, - essa palavra não é usada, mas claramente intuída - respeito. Não basta ter o vice, quer ter voz e poder para nomear, indicar, eleger cada vez mais.
     Com um atraso de nove anos, o PMDB, que vem se caracterizando pelo adesismo desenfreado a qualquer governo, parece ter descoberto que é apenas tolerado pelo Governo, dirigido, de fato, pelo PT. É como se fosse aquele parente próximo que muitas famílias recebem (atendendo a pedido dos patricarcas) nas comemorações íntimas do Natal, mas escondem e não convidam para as festanças públicas de aniversário ou casamento.
     Com essa atitude - rejeitar alguém indicado pessoalmente pela presidente -, o PMDB está dizendo que cansou de ser o 'mal necessário'. É como se estivesse entoando uma música dos Titãs e repetindo, à exaustão, uma das estrofes:
     "A gente não quer
     Só dinheiro
     A gente quer dinheiro
     E felicidade
     A gente não quer
     Só dinheiro
     A gente quer inteiro
     E não pela metade..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário