domingo, 4 de março de 2012

Planalto faz gol contra, de novo

     Minha mãe costumava repetir o que - contava - escutava do pai português, meu avô: "Quem anda com porcos, farelos come". Pois é. É exatamente a sensação que me passa essa - chamemos assim - refrega entre o secretário da Fifa, Jérome Valcke, e o governo brasileiro.
     Só o fato de existir uma relação pregressa nesse patamar já é motivo de vergonha para o país. Escrevi algumas vezes sobre esse tema, a partir do dia em que fomos informados do encontro entre a presidente Dilma Rousseff e esse burocrata do mundo do futebol, na Suíça, no escritório dele.
     Na época, alertei para o inusitado do fato: a presidente de um país como o Brasil indo ao encontro de um funcionário de uma entidade particular. Presidentes - afirmei - falam com presidentes, de igual para igual. Jamais com um funcionário subalterno, exceto em situações especiais, envolvendo chanceleres, embaixadores.
     A partir daí - e em busca do prestígio de realizar uma Copa do Mundo no país do futebol, justamente num ano eleitoral -, nossos governantes mostraram-se subservientes a ponto de lutar até para mudar a legislação do país e atender a algumas exigências dessa tal Fifa, entre elas permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
     De deboche em deboche, a Fifa, através de seu secretário, chegou ao ponto de nos ameaçar com um chute no traseiro, caso não cumpríssemos as exigências. A péssima repercussão desse relacionamente indigno provocou a tardia reação do Planalto, que escalou seu antigo porta-voz de recados, Marco Aurélio Garcia, para responder.
     A resposta, como ficamos sabendo, ao ler os jornais do dia, manteve a discussão no plano em que ela estava sendo tratada. O ministro brasileiro chamou o funcionário da Fifa de "vagabundo".
     Eles se merecem.

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