quarta-feira, 21 de março de 2012

Balcão de negócios

     O Governo sabe, desde já, que não terá muito espaço para manobras. Ou oferece um ministério 'decente' ao PR - algo parecido com a diretoria que fura poços celebrizada pelo ex-presidente da Câmara e atual prefeito de João Alfredo, Severino Cavalcanti (PP de Pernambuco) -, ou perderá os quatro preciosíssimos minutos que a sigla tem a aferecer (a um bom preço, é claro) no horário político oficial.
     O presidente do partido, o senador Alfredo Nascimento, defenestrado do Ministério Dilma recentemente, anunciou - segundo Veja - que, para começar, o Governo não terá sequer um segundo nas futuras 40 inserções de meio minuto que fará nas tevês durante os meses de maio e junho. Como ainda estamos em março, o aviso chega com uma antecedência bem razoável, quem sabe a tempo de provocar uma mudança no panorama atual.
     O PR, partido do deputado federal Tiririca, vem dizendo, a sério, que vai manter uma posição de independência nas votações - ou uma "oposição independente" no Senado e um "apoio independente" na Câmara, como registrou a revista. Para mostrar que está apostando alto, o partido ajudou, hoje, a derrotar o Governo em duas votações, uma delas, a Lei Geral da Copa, mais uma vez adiada, sob a alegação de que é necessário, antes, votar o novo Código Florestal.
     Não há o que reclamar, eu diria à presidente Dilma, se fosse perguntado (o que não é o caso, sei muito bem disso). Esse foi o tipo de política estimulado com o advento da Era Lula, inugurada há nove anos. Um pacote de cargos aqui e ali; um financiamento acolá; um Mensalão no meio. É a síntese do Brasil de hoje. Um enorme balcão de negócios.

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